WASHINGTON – O Ministério Público Federal (MPF) vai tornar disponível, no fim de julho, informações sobre as investigações da Lava-Jato a todos os países que pedirem cooperação com o Brasil. A informação foi confirmada nesta quarta-feira pelo procurador Douglas Fischer, ex-coordenador da operação e que agora atua na relação com outras nações. Ele está em Washington para participar de um fórum com procuradores de outros países, dentro da Organização dos Estados Americanos (OEA).
– Há uma regra na delação da Odebrecht que estabelece que só podemos compartilhar informações com outros países seis meses após a homologação da delação pelo Supremo Tribunal Federal – afirmou o procurador.
Fischer afirmou que o Brasil já solicitou 130 informações para 33 países por causa da Lava-Jato e já recebeu 53 pedidos de 24 nações. Dez países já fazem parte de um grupo de procuradores sobre o tema, após uma reunião realizada há três semanas no Brasil com o procurador-geral Rodrigo Janot.
Segundo ele, esta colaboração depende de uma aprovação do Supremo e, a partir dela, o MP vai disponibilizar todas as informações que possui. Fischer acredita ainda que o Brasil vai pedir muitas informações a estes países, de forma a complementar as investigações.
ANISTIA AO CAIXA 2
Fischer vê a anistia ao Caixa 2 no Congresso como inconstitucional e citou a entrevista que Ayres Brito, ex-ministro do STF, deu ao GLOBO, onde defendeu que os legisladores não podem criar benefícios judiciais a si mesmos.
– E a investigação não será afetada (por uma eventual anistia ao caixa 2). Isso não vai, em hipótese alguma, afetar a investigação da corrupção e da lavagem de dinheiro – disse.
O procurador afirmou que não se preocupa com o gigantismo da Lava-Jato após as delações da Odebrecht, pois afirma que o Ministério Público tem condições de seguir investigando. Em sua opinião, o maior risco à operação é outro:
– O maior risco talvez seja a população não ter todas as informações do que está sendo feito. Da parte do Ministério Público temos a garantia do procurador-geral que vamos investigar tudo.