Cotidiano

Hospital Regional: Laudo aponta falhas e diz que instalações estão comprometidas

Diante de todos os apontamentos, o engenheiro pede para que as instalações elétricas e outros quesitos apontados no laudo sejam revistos na íntegra.

Foto:Arquivo
Foto:Arquivo

Reportagem: Cláudia Neis

Toledo – A reportagem do Jornal O Paraná teve acesso ao laudo feito por um engenheiro eletricista após perícia judicial realizada no prédio do Hospital Regional de Toledo. O documento tem 300 páginas, foi finalizado no dia 12 de novembro, e aponta diversas falhas no material, na execução e até na fiscalização da rede elétrica. “Ainda que alguns dos equipamentos e materiais utilizados na execução dos serviços atendem ao projeto, existem locais em que a mão de obra deixa a desejar, comprometendo todas as instalações”, alerta o profissional.

O engenheiro recomenda que as instalações elétricas sejam todas revistas: “As inspeções deixam claro que as instalações elétricas do HRT não poderão ser ligadas da forma que estão… O problema é que muitos dos serviços executados pela construtora já foram executados de forma inadequada em alguns pontos, o que já acarretou sobrecarga na infraestrutura e coloca em risco os cabos já instalados; o que coloca em risco as instalações elétricas do hospital e que coloca em dúvida se a energia vai chegar ao paciente ou não (o que pode ser vital ao paciente, conforme o caso)”.

Ele afirma há falhas também nos sistemas de sinais, como rede estruturada, sistema de detecção de alarme contra incêndio e sistema de som ambiente e de TV. E questiona a fiscalização da obra: “Como o fiscal da obra não viu que o quadro de proteção geral de BT não foi instalado? Que não viu que os grupos geradores não estavam ligados? Que os postes da iluminação pública alinhados com a Rua Guarani não tinha nenhum instalado (sic)?”

Diante de todos os apontamentos, o engenheiro pede para que as instalações elétricas e outros quesitos apontados no laudo sejam revistos na íntegra.

Obra de reforma e readequação

A finalização da perícia era uma das condições que vinham impedindo o início da reforma e readequação do Hospital Regional de Toledo. De acordo com a Construtora Guilherme – vencedora da licitação por R$ 5.872.836,75 -, a obra deve ser iniciada em janeiro de 2020.

A construtora informou que a ordem de serviço não foi assinada, apenas o contrato para a realização dos trabalhos. A expectativa é de que a ordem seja assinada no início de janeiro.

Neste mês, a construtora deve fazer visitas ao HRT para levantamento e análise do local para então finalizar o planejamento da obra, definindo quais seriam os primeiros passos e as frentes de trabalho.

A reportagem do Jornal O Paraná encaminhou à Prefeitura de Toledo questionamentos sobre o início da obra e sobre laudo, mas a assessoria informou apenas que as repostas seriam repassadas em coletiva de imprensa agendada para a manhã desta quinta-feira (5).

O vereador Ademar Dorfschmidt, que acompanha toda a situação do HRT e fez parte da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apurou possíveis irregularidades na obra, mostra-se indignado com a falta de publicidade do laudo. “O resultado precisa ser divulgado. A única informação que tivemos foi em uma fala da líder do Governo na Câmara, que disse que ‘foram apontadas algumas situações como obra de má qualidade’. O que precisa ser lembrado é que a obra foi licitada em 2012 pelo então prefeito José Carlos Schiavinatto, que é do mesmo grupo político do atual prefeito Lúcio de Marchi, que na época era vice-prefeito”, acrescenta Ademar.

Possíveis irregularidades

O vereador Ademar Dorfschmidt questiona o valor e a licitação para a reforma do HRT, cujo prédio foi concluído há três anos com graves falhas estruturais. Ele questionou o processo no plenário da Câmara na última segunda-feira (2): “Como uma obra que a empreiteira se ofereceu para fazer por R$ 800 mil e a prefeitura não aceitou, agora foi licitada em quase R$ 6 milhões? Precisamos entender onde será investido esse dinheiro. Além disso, a Construtora Guilherme, vencedora da licitação, é investigada pelo Gaeco por oferecer propina a agentes públicos em troca de falsificação de laudos de obras… isso precisa ser verificado”, ressalta Ademar.

Ele afirma que reúne documentos e analisa todas as etapas da licitação.

A Construtora Guilherme informou que as obras citadas na investigação foram todas entregues nos valores e nos prazos previstos e vêm sendo utilizadas e que está à disposição para esclarecimentos às autoridades responsáveis pela investigação.


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