Brasília – O governo ingressou ontem, por meio da AGU (Advocacia-Geral da União), com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que tramita no Congresso Nacional. O ministro Teori Zavascki foi sorteado como relator do mandado de segurança que o governo impetrou no STF.
Ao conceder entrevista coletiva na tarde de ontem, o ministro José Eduardo Cardozo, da AGU, afirmou que a ação não é a bala de prata do governo para tentar derrubar o processo e que ainda há muitas questões a serem judicializadas. Não posso dizer que esta seja a bala de prata, porque há outras questões que podem ser judicializadas a qualquer momento [ ]. Seja hoje, amanhã ou mesmo após a decisão do Senado, afirmou.
A sessão do Senado que decidirá sobre a abertura do processo de impeachment está marcada para esta quarta. A expectativa fica por conta da manifestação do Supremo, que pode ocorrer a qualquer momento.
No mandado de segurança, o governo aponta que Cunha aceitou o pedido de impeachment, em dezembro, em retaliação a Dilma e ao PT, por votarem a favor da abertura do processo de cassação do deputado no Conselho de Ética da Câmara.
Tal imoral proceder consistia em equilibrar-se entre governo e oposição a fim de barganhar apoio para o não recebimento da representação oferecida perante o Conselho de Ética. Ao primeiro, oferecia o arquivamento das denúncias contra a Presidenta da República; à segunda, oferecia o contrário, o acolhimento de alguma delas, afirma a peça.
A AGU diz que as ameaças e chantagens de Cunha não foram em vão junto ao governo. No mesmo dia em que os deputados do PT integrantes do Conselho de Ética declararam voto pela abertura do processo administrativo contra o Presidente da Câmara, poucas horas depois, ele recebeu a denúncia por crime de responsabilidade contra a Presidenta da República. Era o fim do leilão, diz outro trecho.
A ação também ataca a escolha do relator do pedido na Câmara, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), classificada como barganha imoral, de modo que o relatório fosse contrário a Dilma. Em troca, diz a peça, Cunha apoiaria Arantes para lhe suceder no comando da Câmara.