DIA MUNDIAL DO FUSCA

Fusca: O clássico que segue acelerando corações em Cascavel

Todos os domingos, na Feira do Teatro, os colecionadores se reúnem para expor suas relíquias e os Fuscas sempre marcam presença. Crédito: Divulgação
Todos os domingos, na Feira do Teatro, os colecionadores se reúnem para expor suas relíquias e os Fuscas sempre marcam presença. Crédito: Divulgação

Se meu Fusca falasse… Não seria nome de filme da sessão da tarde e sim uma biografia desta jornalista que vos escreve. Um Fusca amarelo foi o meu primeiro carro – presente do meu falecido pai, que estava cansado de dividir sua preciosa Santana Quantum para eu ir à faculdade. Aquele amarelo foi vendido alguns anos depois, mas é conhecido até hoje na roda de amigos, devido às histórias hilárias que protagonizou. Certa feita, na volta da faculdade, o volante caiu – quem tem Fusca sabe que o volante sempre tem uma ‘folguinha’! – noutra vez, quem caiu foi a roda e ele precisou desfilar de guincho até a mecânica. Nele, cabia toda a turma do fundão daquela turma de jornalismo que pegava carona do Bairro Santa Cruz até o terminal Oeste para encurtar distância e aumentar os laços de companheirismo na ‘pendura’ característica dos universitários.

O Fusca faz parte da minha família e de muitos da geração 40+. Cresci ouvindo histórias de viagens longas feitas – pasmem os jovens! – de Fusca. E as fotos que tiravam das crianças sentadas sobre o capô? Aposto que em algum álbum da sua família, caro leitor, deve ter um destes registros, como o meu que compartilho nesta edição.

Meu pai teve vários e o último deles, na cor marrom savana comprado em Curitiba do primeiro dono, que o retirou ainda zero quilômetro na concessionária em 1976, ficou sob os meus cuidados, que aliás, de cuidado não tem recebido nada: está abandonado na garagem à espera de uma boa reforma.

Dia Mundial do Fusca

Neste domingo, 22 de junho, é comemorado o Dia Mundial do Fusca, uma data especial para quem guarda na memória – ou na garagem – o carro que marcou gerações e se tornou um verdadeiro ícone sobre rodas. Em Cascavel, onde mais de 3.700 Fuscas ainda circulam ou estão cuidadosamente preservados, a paixão pelo modelo segue firme, mostrando que o besouro mais famoso da Volkswagen continua encantando fãs de todas as idades.

O Dia Mundial do Fusca foi criado na Alemanha, país de origem do modelo, para homenagear o carro que nasceu na década de 1930 e se espalhou pelo mundo. No Brasil, a história começou oficialmente em 1959, quando o modelo passou a ser fabricado nacionalmente. Desde então, o Fusca virou símbolo de simplicidade, resistência e carisma — características que fizeram dele o primeiro carro de muitas famílias brasileiras.

Mais do que um veículo, o Fusca se transformou em um objeto de afeto e colecionismo. Em Cascavel, não é raro ver modelos impecavelmente restaurados rodando nos fins de semana ou participando de encontros e exposições. Dos modelos clássicos 1200 e 1300 aos mais recentes relançamentos, o que não falta é história sobre quatro rodas.

O Dia Mundial do Fusca é mais que uma homenagem: é um convite à nostalgia, ao respeito pelas raízes da indústria automotiva e ao reconhecimento de um carro que, mesmo com o passar dos anos, continua conquistando corações e fazendo parte da paisagem urbana com seu ronco inconfundível e sua silhueta arredondada.

Então, se cruzar com um Fusca hoje pelas ruas, não se espante se ele estiver mais reluzente do que o normal. É dia de festa para ele — e para todos os apaixonados por esse clássico eterno, como o ortopedista Victor de Souza, que no ano passado comprou o seu ‘vermelhinho’ que agora é companheiro de passeios e às vezes até é visto chegando para atender seus pacientes ‘pilotando’ o modelo que tem até a mala de couro no porta-malas externo.

Joia rara

Se há uns 18 anos o Fusca era o meio de locomoção mais barato para uma universitária, fácil de ser negociado por uns R$ 3 mil à época, hoje já virou objeto de desejo e os valores fazem jus ao rótulo. Nos últimos anos, os Fuscas têm ganhado cada vez mais valor no mercado de veículos antigos. Modelos bem conservados, originais ou restaurados com cuidado podem alcançar cifras surpreendentes em feiras e sites de colecionadores. A combinação de nostalgia, design clássico e durabilidade faz do Fusca um investimento emocional — e, para muitos, também financeiro. O que antes era um carro popular, hoje é tratado como uma joia sobre rodas – e aqui já vejo o arrependimento nos olhos do leitor que se desfez do seu ‘Herbie’.

Em Cascavel

Apesar de terem saído de linha há décadas, os famosos Fuscas ainda seguem firmes e fortes nas ruas de Cascavel. Segundo dados atualizados do Detran-PR, extraídos a pedido da reportagem do Jornal O Paraná, nada menos que 3.731 unidades do modelo estão atualmente registradas no município.

Os números revelam uma diversidade impressionante de modelos e anos. Entre os mais antigos, há registros de Fuscas de 1957, 1958, 1959 e até 1960 — verdadeiras relíquias sobre rodas. Já entre os anos de maior popularidade, destacam-se os modelos da década de 1970, com destaque para os anos de 1974 (171 veículos), 1973 (151) e 1972 (183).

Mas o amor pelo “besouro” vai além da nostalgia. Também há registros mais recentes, como os modelos da série especial “I/VW Fusca” fabricados entre 2012 e 2015, totalizando 16 veículos modernos que resgatam o design clássico com tecnologia de ponta.

Os modelos mais comuns na frota cascavelense são os tradicionais VW/Fusca 1300, 1500 e 1600, além de variantes como o “Fusca Ouro”, “L” e “1600 S”. Um destaque curioso vai para os modelos registrados na categoria “coleção”, que somam mais de 700 veículos cuidadosamente preservados por apaixonados colecionadores.

Seja para desfilar no domingo, guardar com zelo ou simplesmente lembrar os bons tempos, o Fusca segue conquistando gerações em Cascavel. E como dizem por aí, quem teve (ou tem) um Fusca, nunca esquece!