Cascavel – A Caciopar (Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná) planeja um estudo mensal das tarifas de transporte de cargas. “A ideia é contratar uma consultoria que faça mês a mês o levantamento de valores de cargas transportadas para que possamos fazer um comparativo entre o transporte ferroviário e o rodoviário e conseguir chegar a um preço médio e mais competitivo para o transporte ferroviário”, explica o presidente da Caciopar, Alci Rotta Júnior.
Segundo ele, historicamente, o valor do transporte ferroviário por tonelada era pelo menos 20% abaixo do valor do rodoviário. Assim, esse estudo, baseado em custos, ajudaria a chegar a um valor que possa atrair mais empresas para esse tipo de modal. “A ideia-chave é mostrar que estamos vigilantes em relação a essa questão. Não queremos tabelar preços, mas tornar os valores públicos. Hoje a diferença entre os preços é muito pequena, mas a demora no transporte tem sido decisiva na contratação. No caminhão, o transporte ocorre em um dia, já pela ferrovia, chega a sete, oito dias. Então, precisamos tornar esse tipo de transporte mais atrativo”, enfatizou.
A iniciativa caminha devagar por conta da pandemia do novo coronavírus e porque a consultoria implica em gastos. Contudo, a Caciopar deve buscar parcerias com as federações da indústria (Fiep) e da agricultura (Faep), que podem colaborar com ajuda técnica de consultores. Se isso não se concretizar, a alternativa será contratar profissionais da área.
Mais competitividade
Rotta destaca a melhora no volume escoado pela Ferroeste nos últimos meses, mas afirma que, “apesar de seguirmos um caminho de forma bacana”, o aumento do interesse na ferrovia aliado a uma melhora no preço fará com que as empresas regionais ganhem em competitividade.
“Melhorando o preço, vai fortalecer nossa ferrovia e, consequentemente, vai aumentar o movimento. Nosso objetivo é fortalecer as empresas locais, melhorando o custo e agilizando o processo do transporte dos produtos, para que consigam competir em questão de preço com outras empresas. Isso aquece a economia da região. É um modal que muitos países investem e veem resultado. Temos que insistir aqui nesse tipo de transporte para escoar a nossa produção”, frisou Rotta Júnior.
O presidente da Coopavel, Dilvo Groli, ressalta que a economia do custo com transporte poderia ficar para o produtor e o empresário da região. “A vantagem de ter uma ferrovia eficiente e funcionando do oeste do Paraná até o Porto de Paranaguá é que teríamos uma economia de 30% das despesas com transporte. Esse valor ficaria com o produtor rural e o agronegócio, bem como para a economia de toda a região”.
Concessão
Uma das preocupações do setor do agro local é uma possível renovação da concessão do Estado com a Rumo, de forma que ela poderia absorver a Ferroeste e dominar de vez o transporte ferroviário.
Para Dilvo, uma renovação de concessão não pode jamais ocorrer de forma automática, “uma vez que haveria um monopólio que impediria a discussão de tarifa”.
Ele defende a abertura de licitação, para permitir a participação de mais interessadas, o que trará bons resultados para a região, como a redução da tarifa.
A Ferroeste
Segundo o diretor de Produção da Ferroeste, Gerson Almeida, o custo do transporte “varia muito com a quantidade de vagões disponíveis, custo do diesel, carga de retorno… Além do contrato operações específicas firmado com a Rumo em março deste ano… Então fica difícil precisar, mas nossa preocupação é com a sanidade econômica da Ferroeste, olhando muito os custos. O diesel, por exemplo, representa quase 35% do nosso custo total”.