
“Apesar de estarmos decepcionados de que não foram observados benefícios neste estudo, nosso trabalho continua [a estudar o impacto] do Verubecestat em pessoas com a doença em estado menos avançado”, afirmou em nota o presidente do ramo de pesquisas da Merck, Roger Perlmutter.
Há três meses, outra farmacêutica, a Eli Lilly, também suspendeu testes com outra droga, o Solanezumab, por falta de eficácia. Uma classe de medicamentos experimentais como o Verubecestat, conhecidos como inibidores BACE ? que controlam uma enzima envolvida na formação de aglomerados anormais de proteínas no cérebro ?, vinha sendo a maior aposta na indústria e na ciência para o tratamento do Alzheimer.
“Havia grandes esperanças de que os testes poderiam ser bem-sucedidos. Há hoje muitas preocupações e debates na comunidade profissional. Tem sido bem decepcionante”, disse o professor John Bretiner, especialista em psiquiatria geriátrica e medicina preventiva na Universidade McGill, à rede de televisão americana CNN.
Os últimos episódios começam a questionar a validade da hipótese de que os aglomerados anormais de proteína, conhecidos como placas amilóides, pudessem causar a Alzheimer. Há atualmente outros testes em curso com drogas que se baseiam nesta suposição, encabeçados por empresas como a Novartis, Amgen, Janssen e Biogen.
Cerca de 47 milhões de pessoas vivem com demência ao redor do mundo e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que o Alzheimer cause de 60% a 70% destes casos. Atualmente, nenhum tratamento provou ser eficaz em desacelerar o impacto da doença em humanos ? que envolve a perda de memória e confusão mental.
As ações da Merck caíram em quase 2% nesta terça-feira após o anúncio.