WASHINGTON ? Ameaças terroristas em voos com destino para os Estados Unidos teriam sido o motivo para o governo de Donald Trump proibir passageiros de embarcarem com dispositivos eletrônicos maiores que um telefone celular. Fontes americanas revelaram à rede ABC que o grupo extremista Estado Islâmico (EI) vem trabalhando em maneiras de esconder explosivos em eletrônicos. A informação foi avaliada por Washington como ?substancial? e ?credível?.
Anunciadas na terça-feira, as novas regras de viagem afetam oito países do Oriente Médio e do Norte da África. Inicialmente, o governo americano informou sobre a proibição de laptos e tablets nos voos com destino aos Estados Unidos de nove companhias aéreas procedentes da Turquia e de dez aeroportos de países árabes, e mais tarde o governo britânico aderiu à medida, ativando esta proibição aos passageiros aéreos procedentes de cinco países árabes e da Turquia. França e Canadá disseram que estão analisando a possibilidade de adotar medidas similares.
O democrata Eric Swalwell, membro da Comissão de Inteligência da Câmara, disse à ABC News que havia ?uma nova ameaça à aviação?.
? Sabemos que nossos adversários, grupos terroristas nos Estados Unidos e fora dos Estados Unidos, procuram derrubar um avião de passageiros nos Estados Unidos. Essa é uma de suas metas de maior valor e estamos fazendo tudo o que podemos agora para impedir que isso aconteça.
O governo turco reagiu após o anúncio americano e pediu a Washington que levante a proibição aos passageiros dos aviões da Turkish Airlines.
? Acreditamos que é necessário voltar atrás ou suavizar (a medida) ? disse o ministro turco do Transporte, Ahmet Arslan.
Todos os dispositivos (laptops, tablets, consoles de jogos, livros eletrônicos, aparelhos de DVD, câmeras fotográficas, entre outros) devem ser incluídos na bagagem despachada nos aviões, informaram fontes do governo americano.
?A análise dos serviços de inteligência indica que grupos terroristas continuam apontando o transporte aéreo e buscam novos métodos para cometer atentados, como dissimular explosivos em bens de consumo?, explicou uma fonte.
?Com base nestas informações, o secretário para a Segurança Interna, John Kelly, decidiu que era necessário reforçar os procedimentos de segurança para os passageiros com voo direto de alguns aeroportos e com destino aos Estados Unidos?, destacou outra fonte.
A proibição de dispositivos eletrônicos maiores que um telefone celular estaria relacionada a uma ameaça do grupo al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), ativo no Iêmen, afirmou a rede de televisão CNN citando um responsável americano.
Um ex-funcionário da Administração de Segurança do Transporte (TSA, em inglês), Tom Blank, considerou que é ?uma resposta a dados precisos de Inteligência que foram apresentados às autoridades americanas?, mas que estas medidas serão ?muito provavelmente provisórias?.
A medida implementada pelo governo americano deve afetar 50 voos diários de nove companhias (Royal Jordanian, EgyptAir, Turkish Airlines, Saudi Airlines, Kuwait Airways, Royal Air Maroc, Qatar Airways, Emirates e Etihad Airways) com decolagem de 10 aeroportos internacionais: Amã, Cairo, Istambul, Jidá, Riad, Kuwait, Doha, Dubai, Abu Dhabi e Casablanca.
No caso do Reino Unido, serão afetados os passageiros que voarem ao país a partir de Turquia, Líbano, Jordânia, Egito, Tunísia e Arábia Saudita.
Estas restrições são parte de um processo de intensificação dos controles nas fronteiras e, de modo mais geral, da política americana em termos de imigração desde que Donald Trump assumiu o poder.
O presidente republicano tenta impor uma proibição temporária de entrada nos Estados Unidos de todos os refugiados e de cidadãos de seis países de maioria muçulmanas. A medida foi estabelecida em um decreto que foi bloqueado duas vezes por juízes federais americanos.