Estado suspende repasse; sem eletivas, hospitais temem colapso financeiro

Reportagem: Cláudia Neis

Cascavel – A pandemia da covid-19 paralisou a maior parte dos atendimentos dos hospitais privados e filantrópicos e, para piorar, elevou drasticamente os custos de materiais de consumo básico. Situação que vem se repetindo desde março, agrava-se mês a mês e segue sem previsão de melhorar.

As receitas caíram 60%. As instituições que têm contratualização com o Estado, ou seja, atendem pelo SUS, tinham um repasse mensal mínimo, foi definido por uma lei federal, que vinha auxiliando as contas. O problema é que a lei venceu em setembro, mas há dois meses o governo do Paraná não repassa sua parte, apenas o que vem do Ministério da Saúde. Deixando o cenário ainda mais preocupante.

O cenário preocupa e a instituições que representam essas instituições temem o colapso financeiro. “A situação é delicada, pois o montante que sai do caixa do Estado agora é baseado na produção, mas não há produção, porque os procedimentos eletivos só estão liberados para hospitais privados, e os do SUS continuam suspensos. Estamos há dois meses sem receber esse valor, somente o que vem da União. Diante desse cenário, os hospitais buscaram a Federação pedindo ajuda e nós buscamos uma negociação com a Secretaria de Saúde para tentar pelo menos um meio termo. O secretário Beto Preto prometeu analisar a situação, mas ainda não tivemos um retorno. Mesmo os atendimentos privados ainda são baixos, a população ainda não voltou a procurar por procedimentos a não ser que sejam urgentes. Então, se não tiver um olhar para esses serviços de saúde, pode colapsar o sistema por conta da situação financeira”, ressalta o presidente da Fehospar (Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Paraná), Rangel Silva.

O sentimento de temor é compartilhado pelo presidente da Femipa (Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná) e do Sindipar (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Paraná), Flaviano Feu Ventorim: “Em reunião com a Sesa, solicitamos um plano de retomada das eletivas. Temos que pensar em possibilidades para que não haja um problema maior no futuro. As cirurgias de emergência ajudam bastante a dar andamento na fila, mas temos que organizar uma retomada para poder dar vazão aos problemas dos pacientes”.

Ele observa que o momento permite a retomada: “Temos que pensar em alguma retomada, mesmo que seja parcial, enquanto os números de pacientes [com covid-19] internados estão baixos, pois, se subirem, corremos o risco de novas medidas restritivas para atender os casos mais graves”, observa Flaviano Feu Ventorim.

Verba federal

Além da situação financeira dos hospitais, a organização das listas de cirurgias eletivas que as Regionais de Saúde estão viabilizando nos municípios tem como objetivo utilizar uma verba federal destinada exclusivamente a esse tipo de procedimento e que, caso não seja utilizada até o fim do ano, voltará para a União. Para que isso não aconteça, devem ser selecionados prestadores e definidas quantidades e modalidade de cirurgias a serem realizadas, para que, assim, os municípios possam definir pacientes que serão encaminhados, uma vez que o montante será distribuído de forma igual para cada cidade.

Paraná registra maior número de casos em duas semanas

Foz do Iguaçu – A Secretaria de Estado da Saúde informou ontem mais 1.349 diagnósticos de covid-19, o número mais alto das duas últimas semanas. Também houve mais 18 mortes. Com isso, o Paraná acumula 208.683 infectados desde o início da pandemia, dos quais 5.098 não sobreviveram.

Na região oeste, são 37.181 contaminados e 553 mortes. Nessa quarta-feira, foi confirmada uma morte em Foz do Iguaçu. Cascavel não divulgou boletim.

Ontem havia 1.500 pessoas internadas em leitos exclusivos para o tratamento da covid-19 no Estado, das quais 717 em UTI.