Cotidiano

Especialistas em aviação veem veto a eletrônicos como inviável

65743580_CHICAGO IL - MARCH 14 Stefano Vignoli checks in for a flight to Florida at O%27Hare Internati.jpg

WASHINGTON E LONDRES – A proibição de eletrônicos maiores do que um smartphone nas cabines de voos provenientes de uma série de países de maioria muçulmana e suas companhias aéreas ? adotada por EUA e Reino Unido ? pôs autoridades e especialistas em campos opostos. A medida, que começa a vigorar no sábado, foi justificada com base em informes de Inteligência sobre ameaças do Estado Islâmico e da al-Qaeda na Península Arábica, com objetivo de explodir baterias em laptops. Mas analistas questionam vários aspectos da proibição, pondo em dúvida a sua eficácia na prevenção de ataques terroristas. aeroporto

Mais ampla medida de segurança tomada desde os ataques de 11 de setembro de 2001, o veto aos eletrônicos vem após uma série de alertas dos EUA e da Organização Internacional de Aviação Civil, advertindo que baterias de dispositivos como laptops e tablets poderiam provocar incêndios ou uma sequência explosiva que destruiria a cabine das aeronaves. Mas tais preocupações são de longa data.

? As restrições vão causar dor de cabeça para as companhias e os usuários ? questionou o consultor aéreo John Strickland. ? Uma consequência inesperada é colocar dispositivos adicionais com baterias de lítio no bagageiro, o que traz seus próprios desafios à segurança.

Alemanha, Austrália e Nova Zelândia (os dois últimos, membros do chamado grupo de Inteligência Cinco Olhos, junto a EUA, Reino Unido e Canadá) descartaram implantar medidas do tipo. Para Matthew Finn, diretor da consultoria de segurança aérea Augmentiq, não faz sentido só alguns voos serem afetados. Ao todo, a proibição implantada pelos dois países atinge companhias aéreas e aeroportos de dez países predominantemente islâmicos ? além de empresas britânicas que também tenham voos na lista do Reino Unido.

? Se realmente houver Inteligência confiável sobre uma ameaça de um explosivo improvisado escondido, a questão então deverá ser como eliminar o risco em todas as aeronaves indo para todos os destinos ? argumenta Finn.

O chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, criticara a inclusão de seu país nos vetos aos eletrônicos, advertindo que ?um terrorista do Estado Islâmico (EI) poderia embarcar de qualquer lugar?.

? É incerto por que apenas algumas companhias e países são afetados, dado que um potencial terrorista poderia facilmente mudar de rota (para fazer um ataque) ? disse o especialista Shashank Joshi, do britânico Royal United Services Institute.

Info – Produtos proibidos a bordo

O presidente da Emirates, Tim Clark, questionou o veto anunciado sem aviso a sua companhia.

? É surpreendente. Quando viajo, inclusive para EUA, Europa e Ásia, não vejo o mesmo nível de segurança que há em Dubai ? reclamou.

O ministro dos Transportes britânico, Chris Grayling, pediu que a indústria compreendesse que a medida foi tomada com ?bastante racionalidade?. A Inteligência do país alegou que num aparelho como um laptop seria mais fácil de implantar explosivos líquidos, passando por detectores de metal sem levantar suspeitas. Recentemente, vídeos do EI mostraram jihadistas produzindo o PETN, composto químico chave na fabricação do explosivo semtex.

? Um terrorista suicida então se sentaria na janela e só precisaria de uma pequena carga para estourá-la e provocar um efeito devastador ? disse ontem um ex-alto funcionário dos serviços secretos do Reino Unido.

Info – aeroportos afetados pela lei dos EUA