BRUXELAS ? O número de imigrantes que chegou à Europa pelo mar caiu em 364 mil pessoas no ano passado, segundo a Agência Europeia de Fronteiras (Frontex). A redução representa uma queda de dois terços em comparação a 2015, sobretudo por conta da baixa nos desembarques na costa da Grécia. No entanto, a agência alerta para uma crescente pressão migratória do continente africano na travessia pelo Mediterrâneo.
Frente ao ano anterior, as chegadas da Turquia à Grécia pelo mar Egeu caíram em 182,5 mil em 2016. O número equivale a uma queda de 79% no período ? justificada, sobretudo, pelo pacto assinado em março por Ancara e União Europeia (UE). O acordo prevê o retorno à Turquia de todos os imigrantes que chegassem à Grécia sem aprovação do pedido de abrigo em países europeus. Muito criticada por organizações de direitos humanos, a medida aliviou o sobrecarregamento dos campos de refugiados gregos, mas sem trazer uma solução efetiva ao drama humanitário de quem deixa seu país para fugir de guerras, perseguições e pobreza.
Outro fator relevante para a queda foi o reforço do controle nas fronteiras dos países da rota dos Bálcãs, impedindo que muitas pessoas terminassem a sofrida jornada até os países mais ricos do Norte europeu. No ano inteiro, foram 503,7 mil pessoas detidas enquanto tentavam entrar ilegamente no continente pelas suas fronteiras externas.
Na contramão, no entanto, 181 mil pessoas chegaram da África à Europa pelo Mediterrâneo Central no ano passado frente a 2015 ? 20% de aumento sobre o ano anterior. Nas fronteiras italianas, o número de pessoas provenientes da África Ocidental se multiplicou em dez vezes desde 2010.
Outro recorde negativo foi o número de mortos no ano passado durante as perigosas travessias do Mediterrâneo. Segundo a ONU, foram mais de 5 mil pessoas que morreram após embarcarem em barcos precários e clandestinos neste período.