BRASÍLIA ? O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Junior disse, nesta quinta-feira, durante depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que a empresa repassou R$ 9 milhões via caixa dois ao PSDB em 2014 após pedido do senador Aécio Neves, presidente do partido. Os pagamentos foram realizados de duas formas. As informações foram antecipadas pela repórter Andréia Sadi, da Globonews.
Três tucanos receberam R$ 6 milhões para campanhas eleitorais daquele ano: Antonio Anastasia, hoje senador, Pimenta da Veiga e Dima Toledo Junior. Outros três milhões foram destinados à empresa responsável pelo marqueteiro da campanha presidencial de Aécio em 2014, Paulo Vasconcellos.
Além de Benedicto Junior, Fernando Reis, outro executivo da Odebrecht, prestou depoimento nesta quinta-feira no processo eleitoral que pode determinar a cassação da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, vencedora das eleições de 2014. O ministro Herman Benjamin, relator da ação que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conduziu as oitivas no Tribunal Federal da 2ª Região (TRF-2). Já o vice-procurador-geral Nicolao Dino participou por videoconferência. Os depoimentos são sigilosos.
Benedicto Junior, conhecido como BJ, é considerado o elo entre a empreiteira e o mundo político. Ele foi preso temporariamente (cinco dias) durante a Operação Acarajé. Durante as buscas em sua casa, a Polícia Federal encontrou planilhas que revelam pagamentos a políticos. Fernando Reis foi levado coercitivamente para depor durante a operação Xepa. A Odebrecht não informou quais cargos os dois ocupam atualmente. Os depoimentos duraram pouco mais de duas horas.
O ministro do TSE determinou o depoimento de mais dois ex-executivos da Odebrecht para instruir as investigações. Serão ouvidos Hilberto Silva e Luiz Eduardo Soares. Ao todo, sete representantes da empreiteira prestarão depoimento nas investigações. Na quarta, foi ouvido o herdeiro da empresa, Marcelo Odebrecht, em Curitiba, onde está preso.
Na segunda-feira serão ouvidos Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos, em Brasília. O TSE ainda não divulgou ainda a data e o local dos dois novos depoimentos. Cerca de 50 pessoas já foram ouvidas no processo.
O advogado dos dois delatores Alexandre Wunderlich divulgou nota:
“Os colaboradores prestaram depoimentos regulares e nos termos do acordo estão comprometidos com o interesse público e com as regras de sigilo.”
A empresa também se manifestou por meio de nota:
?A Odebrecht informa que o processo de desligamento dos colaboradores que não mais farão parte de seus quadros está em curso, assim como o processo de definição das novas funções que serão assumidas pelos colaboradores que continuarão na empresa. Quando estes processos forem finalizados, dentro do que for permitido legalmente, estaremos atualizando estas informações para a mídia.?