RIO ? Se a bateria é responsável pelo andamento de uma música, coube a dois bateristas dar o ritmo de ?Abra sua cabeça?. A identidade do segundo álbum da Abayomy Afrobeat Orquestra passa por Pupillo e Tony Allen.
O pernambucano, que defende o estandarte da Nação Zumbi, produziu o disco. É ele o responsável por ajudar o grupo ? que conta com 13 integrantes, como Gustavo Benjão, Fábio Lima e Alexandre Garnizé ? na tentativa de criar um acento brasileiro para o afrobeat. Essa transição, expressa no título do álbum, se dá de maneira suave, como em ?Com quem? ? com percussão funkeira ? e em ?Sensitiva? ? faixa levemente pop com Céu no vocal.
Já o nigeriano contribui diretamente em ?Tony relax?. No entanto, sua presença no disco tem um poder simbólico: o de garantir que a tradição seja respeitada. Como se o baterista do lendário Africa 70, parafraseando Paulinho da Viola, dissesse: ?Tá legal, eu aceito o argumento. Mas não me altere o afrobeat tanto assim?.
O disco tem também participações de Otto, em ?Mundo sem memória?, e Jorge du Peixe, em ?Vou pra onde vou?. Pouco empolgante, a canja dos camaradas de Pupillo faz com que as faixas se pareçam com uma manjada viagem entre Lagos e Recife.
Mas não faz mal. A banda, que nasceu como um tributo a Fela Kuti, ganhou consistência faz tempo e segura a onda. O segundo disco, com ajuda de Pupillo e Allen, prova que ela tem tamanho para andar sozinha ? e ir além.
Cotação: bom.