PARIS – Em processo de indiciamento e abandonado por alguns de seus correligionários em busca da Presidência da França, o candidato conservador François Fillon teve sua casa revistada como parte do inquérito que investiga empregos supostamente fictícios de sua esposa e de dois de seus filhos, contratados como assistentes parlamentares.
O candidato conservador, que derrotou o ex-presidente Nicolas Sarkozy nas primárias da direita, anunciou na quarta-feira que seria convocado no dia 15 de março pela procuradoria financeira para ser indiciado. Um dia depois, teve seu apartamento em Paris revistado por horas. FILLON
? Não cederei, não me renderei, não me retirarei, irei até o fim ? disse Fillon na quarta-feira.
Na quinta-feira, Fillon retomou sua campanha com uma viagem à região de Gard (sul), sensível ao discurso da extrema-direita e que nas eleições de 2015 votou em 42,62% pela Frente Nacional. Penelope, a esposa de Fillon, também deve ser convocada pela Justiça para um eventual indiciamento.
O anúncio provocou as primeiras renúncias entre os partidários do candidato conservador. O partido de centro-direita UDI anunciou a suspensão de sua participação na campanha, enquanto o ex-ministro Bruno Le Maire renunciou de seu cargo na equipe de campanha. Catherine Vautrin, vice-presidente de direita na Assembleia Nacional, pediu inclusive “outro candidato”.
? Gostaria de vencer estas eleições presidenciais que eram imperdíveis e que são cada vez mais impossíveis de vencer ? ressaltou nesta quinta-feira o senador de Marselha (sul) do partido conservador Os Republicanos, Brunos Gilles.
A candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, também na mira da Justiça por diferentes casos financeiros, pelos quais foram indiciados vários de seus colaboradores, estimou, por sua vez, que o comportamento de Fillon é “incoerente”.
? O comportamento de François Fillon é no mínimo incoerente desde o início deste caso. No começo, indicou que se fosse indiciado não seria candidato ? disse nesta quinta-feira em uma entrevista.
As últimas pesquisas colocam Emmanuel Macron, de 39 anos, ex-ministro da Economia do presidente socialista François Hollande, como o favorito para enfrentar e vencer em um segundo turno, em 7 de maio, Le Pen.
Macron, acusado de ser muito vago em suas propostas, detalhou nesta quinta-feira as medidas sociais e políticas que misturam propostas capazes de convencer os eleitores de todas as tendências, como havia feito com seu programa econômico, no qual mesclou rigor e investimentos.
? Reconciliamos com este projeto a liberdade e a proteção ? afirmou Macron ao apresentar seu “contrato com os franceses” diante de mais de 300 jornalistas. ? A França é um país irreformável. Mas não propomos reformá-lo. Propomos uma transformação completa.
Macron promete reformar o sistema de aposentadorias, para estabelecer regras idênticas para os funcionários públicos e privados. Mas seu projeto não modifica a idade mínima legal para a aposentadoria. Também propõe uma “discriminação positiva” para que os habitantes dos subúrbios pobres consigam ter acesso a empregos.
Em relação aos pedidos de seu novo aliado do centro, François Bayrou, o programa de Macron prevê a redação de uma “grande lei de moralização da vida pública” que proibiria os parlamentares de empregar parentes “para colocar fim ao nepotismo”.