BRASÍLIA – O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, evitou entrar em confronto com a Polícia Federal. Numa entrevista coletiva após a visita a uma fábrica da JBS no Paraná, ele disse que apoia as investigações e que dará todo o suporte técnico para que não haja equívocos. Durante a vistoria pela fábrica, entretanto, o ministro foi mais enfático:
? A Polícia errou. Não tem papelão ? garantiu o ministro.
Blairo visitou a linha de produção da fábrica da Seara em Lapa, no Paraná, e fez questão de solucionar a história de que poderia haver papelão misturado às carnes vendidas no Brasil. Num dos áudios que integram o relatório da Operação Carne Fraca, duas pessoas discutem a possibilidade de colocar papelão no CFM. O ministro quis esclarecer aos jornalistas convidados pelo ministério que essa sigla é da sala onde os ossos são separados da carne.
Ele levou grupos de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas para explicar que ali não pode haver papelão. A carne tem de ser retirada em embalagens de plástico para – numa segunda sala – ser colocada em caixas de papelão.
? Eu não quero entrar em conflito com ninguém. A sua pergunta é complicada de responder. O que eu lamentei é que quem fez a investigação não fez o cuidado de ter informação ? ponderou o ministro, que reafirmou apoiar a investigação da Polícia Federal e prometeu dar apoio.
Blairo ainda informou que não há uma planta que não esteja coberta pela fiscalização no Brasil. No entanto, admitiu que há um déficit de 172 fiscais no país.
No caso da fábrica vistoriada nesta terça-feira pelo ministro, a produção continuou, mas ela está proibida de exportar. Questionado sobre a diferença entre permitir que uma fábrica investigada possa vender para o mercado interno e impedi-la de exportar, o ministro disse que é só uma questão de imagem.
? Não existe diferença do consumidor. Para o Brasil reconquistar isso, demora. A questão de fora é a questão de imagem e de mercado ? argumentou o ministro, que justificou que internamente tem o poder necessário para fazer as mudanças.
Durante a visita, o ministro deu atenção a todas as perguntas, principalmente, as que foram feitas pela TV Chinesa. Fez questão de dar uma entrevista exclusiva para o canal para garantir o que já disse em documento: não há problema sanitário no Brasil. Ele ainda contou que a China tem, reiteradamente, pedido informações como, por exemplo, dados sete veterinários que faziam certificações do Ministério da Agricultura que estão sendo investigados. O governo chinês ainda chegou a solicitar a garantia da qualidade das carnes.
Relatou também que recebeu o apoio do ministro da Agricultura do Uruguai. E que acompanha de perto o interesse do chilenos.
LISTA DE JANOT
Na entrevista, ele foi questionado sobre a possibilidade de estar na “lista de Janot”, a relação de 83 inquéritos que o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou para o Supremo Tribunal Federal (STF) com base na delação da Odebrecht. Ele repetiu o que tinha dito mais cedo ao GLOBO:
? A chance de estar nesse negócio é zero.
Acrescentou que a única pessoa que conhece da Odebrecht é “Paulo Luiz” e que não sabe que é presidente ou diretor da “Rota do Oeste”.
? É zero ou menos um a possibilidade de eu estar.
Ele reforçou que quer que o sigilo seja retirado para esclarecer que não faz parte da lista.