Cotidiano

Búfalos são usados em terapia para crianças com autismo na Tailândia

52617409_RG EXCLUSIVO Rio de Janeiro 20-03-2016 Animais do Zoo Rio - A equipe do Globo conheceu.jpgLOPBURI ? Montado em um búfalo, Shogun sorri. O menino autista de 5 anos participa de uma oficina do exército tailandês onde esses animais são usados para terapia. Shogun vai duas vezes por semana a Lopburi, na região central da Tailândia, assim como outros 20 colegas que sofrem da mesma síndrome. Eles passeiam e brincam com balões montados nos búfalos e participam de pequenas oficinas de arte.

autismoEstudos recentes demonstram que a interação com animais tem consequências positivas no desenvolvimento socioafetivo das crianças autistas.

Essa terapia, que tem o respaldo da família real, é uma exceção na Tailândia, onde há poucos programas destinados às crianças com deficiências. Para os budistas, os problemas têm uma causa. Nada é por acaso, e o destino depende dos atos realizados em vidas anteriores. Logo, em todo sudeste da Ásia, a ideia budista do destino cármico atrapalha a implementação de uma política progressista e relega muitos deficientes à pobreza ou a viver escondidos.

Pimporn Thongmee, avô de Shogun, observou progressos incríveis em seu neto desde que ele começou a participar do programa.

? Antes, ele sofria muito por se separar de mim ? conta o avô. ? Não conseguia ficar tranquilo nem se concentrar e gritava muito, mas agora consegue brincar com os outros.

Na teoria, a legislação tailandesa outorga aos deficientes os mesmos direitos que ao resto da população, mas a realidade é menos idílica, e o país fica para trás.

Manit Kaewmanee, por exemplo, teve que tirar seu filho do colégio, onde as outras crianças o perseguiam.

? Me entristece quando as pessoas dizem que ele é louco, que não pode falar, nem se comportar na sociedade, que é uma vergonha ? lamenta..

O sargento Kajohnsak Junpeng, responsável pela oficina com búfalos, afirma que a lentidão dos animais traz serenidade para as crianças.

? E se as crianças se penduram no rabo, eles não dão coices como os cavalos, então não há acidentes ? explica ele.

O militar nunca imaginou que um dia estaria no comando de um exército de búfalos a serviço de jovens autistas, mas se sente “orgulhoso” quando vê “os progressos das crianças”.