Cotidiano

Bombeiros ‘reforçados’ para enfrentar outono/inverno com aumento de incêndios

Bombeiros ‘reforçados’ para enfrentar outono/inverno com aumento de incêndios

A incidência de incêndios em vegetação (incêndios florestais) é um problema que deixa em “estado de alerta” a corporação do 4º GB (Grupamento de Bombeiros), que tem sede em Cascavel, mas atende a 41 municípios do Oeste do Paraná. Com o tempo mais seco, a preocupação acaba aumentando nessa época do ano, assim como a quantidade de ocorrências, que são registradas durante o ano todo, mas que acabam se concentrando no período de outono e no inverno, devido a capacidade de se alastrar ainda mais rápido.

De acordo com o subcomandante do 4⁰ GB de Cascavel, major Tiago Zajac, para conseguir atuar e combater os focos que acabam sendo mais expressivos de junho até meados de setembro, os bombeiros acabam antecipando o problema e aumentando o efetivo que fica de sobreaviso, prontos para entrarem em ação. “Já temos esse esquema para que quando os incêndios fujam ao controle essa tropa possa ser empregada, já que temos muitas ocorrências na nossa região e algumas de grandes proporções”, explicou o major.

Além de áreas urbanas, os bombeiros acabam tendo que atuar em áreas mais longínquas, como rodovias e matas nativas, o que demanda de equipe, equipamentos e, principalmente, de uma grande quantidade de água. Segundo dados do 4º GB de Cascavel, os números de incêndios nos primeiros cinco meses deste ano, aumentaram consideravelmente em comparação ao mesmo período do ano passado.

Neste ano, apenas em Cascavel foram 46 incêndios em vegetação e 94 nos 41 municípios de abrangência. No mesmo período do ano passado, foram registrados 57 nos municípios da região, sendo que 29 deles apenas em Cascavel. Os dados foram estratificados no sistema estadual do Corpo de Bombeiros, aonde diariamente são lançadas as ocorrências pelos os profissionais da farda.

Campanha estadual

Para reduzir a incidência desse tipo de situação, foi lançada ontem (31), em Curitiba, a “Campanha de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais”, que visa orientar a população sobre os riscos e consequências que o incêndio florestal pode trazer para o meio ambiente e a comunidade. A campanha é realizada pelo o Governo do Estado em parceria com a sociedade civil e estará presente em todo o Paraná.

Entre as ações de conscientização previstas estão a distribuição de materiais educativos sobre como os incêndios começam (e podem ser evitados), o que fazer ao avistar um foco de incêndio e como denunciar ações criminosas. O slogan é “Não temos tempo a perder. Precisamos evitar os incêndios florestais agora”. Para Zajac, é uma campanha fundamental para o Oeste e todo o estado.

Poliniza Paraná

Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, são ações simples que todos podem adotar para evitar os focos de incêndios e prevenir maiores desastres. Este ano a campanha terá uma mascote: a abelha nativa. Todos os anos a campanha deve escolher uma mascote diferente. No Paraná, elas estão presentes no programa Poliniza Paraná, que leva colmeias de abelhas sem ferrão a parques e Unidades de Conservação, e em ações estratégicas de meio ambiente das empresas públicas.

De acordo com Amauri Ferreira, gerente de Políticas Públicas do IDR-Paraná, a escolha das abelhas leva em consideração o fato delas serem as primeiras afetadas quando ocorre um incêndio. “Com a destruição de seu lar e de seu habitat, as abelhas são muito afetadas. Além disso, elas servem como indicador de sustentabilidade. Qualquer problema ambiental é prejudicial à vida das abelhas”, afirmou.

Crime

Em todo o Paraná, segundo dados do Corpo de Bombeiros, uma média de 7 mil casos de incêndios florestais são atendidos por ano. Em 2022 foram 4.693 e em 2021, durante a crise hídrica, mais de 10 mil atendimentos. A diminuição nos números leva em conta o inverno chuvoso do ano passado.

Vale destacar também que a cada 10 ocorrências de incêndios florestais, nove são causadas por alguma irresponsabilidade humana. Causar incêndios, mesmo que sem querer, é considerado crime e o infrator pode ser penalizado com reclusão de dois a quatro anos e multa que varia entre R$ 5 mil e R$ 50 milhões, dependendo do número de hectares afetados pelo fogo e dos danos causados à fauna e à flora. Atear fogo para limpar a vegetação, jogar lixo na beira de rodovias, acender fogueiras perto das árvores, fumar próximo a plantações e soltar balões são algumas das ações que podem dar início aos incêndios.

O que fazer?

Ao avistar um foco de incêndio a orientação é de nunca tentar combater o fogo sozinho. Realizar este processo sem o treinamento adequado pode colocar a pessoa em perigo. A orientação é procurar um local seguro, avisar os vizinhos e acionar o Corpo de Bombeiros através do número 193.

Foto: AEN