Toledo – A antecipação de quase um mês no plantio do milho safrinha, após um ciclo mais curto da soja provocado por perdas em decorrência de fatores climáticos, vai facilitar a chamada sobreposição de área. Na prática, isso significa que os agricultores que vão colher o milho poderão reocupar as lavouras com o trigo. Os produtores optam entre trigo ou milho e comumente o primeiro cereal não é o preferido. Desta vez, as condições prometem ser favoráveis para os dois cereais.
A tendência, segundo os números do Deral (Departamento de Economia Rural), é para que as lavouras do oeste se mantenham similares às do ano passado, considerada uma das melhores dos últimos anos.
Em 2018, o motivo para a área ser relativamente grande foi outro. O ciclo da soja 2017/2018 atrasou e parte dos produtores rurais não teve tempo, dentro do zoneamento agrícola que até chegou a ser estendido, para cultivar milho. A opção foi se lançar com o trigo. Agora, foi a antecipação do ciclo que vai segurar as lavouras.
Em 2018 foram cultivados 196 mil hectares nos núcleos regionais de Toledo e de Cascavel, com abrangência em 48 municípios. Agora, serão destinados 188 mil hectares, retração de 4%, mas que poderão aumentar no decorrer do plantio e ultrapassar – em uma das melhores projeções – os 200 mil hectares, muito disso para não deixar a área em pousio.
No Núcleo de Toledo, até o momento, a previsão é de 23,5 mil hectares, contra 21,5 mil semeados ano passado. A colheita pode chegar a 71,6 mil toneladas contra 65 mil colhidas em 2018.
Já no Núcleo de Cascavel, onde está uma das maiores áreas de todo o Paraná, serão 164.436 hectares, uma retração de cerca de 5% e que ainda pode sofrer alterações, com produção que pode beirar 550 mil toneladas.
Para se ter dimensão dos números, sozinho, o Núcleo de Cascavel promete colher 10% de toda a produção nacional de trigo, que gira na casa das 5,5 milhões de toneladas. O País importa hoje volume similar ao produzido para atender à demanda interna, que é de quase 11 milhões de toneladas.
Segundo a agrônoma Jean Marrie Ferrarini, do Deral (Departamento de Economia Rural) de Toledo, alguns produtores podem iniciar o plantio ainda nesta semana, mas a intensificação é prevista para a segunda quinzena deste mês, e seguir até a primeira quinzena de maio.
Excelente rotação de cultura e veranico em maio
Para o presidente da Areac (Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos), Daniel Gafalassi, a manutenção de áreas com trigo é um bom sinal, sobretudo para a conservação de solo e a rotação de cultura. “O trigo é uma excelente opção para cuidar do solo, da degradação, da falta de nutrientes, um problema que já acreditávamos estar resolvido e que voltamos a enfrentar. Por mais que existam problemas de mercado com o grão, o trigo é uma ótima opção para cuidar do solo”.
Para o agrônomo, a atenção, no entanto, deve ficar voltada ao clima. O cereal gosta do frio para se desenvolver bem, sobretudo após a fase de desenvolvimento vegetativo e da floração. “A previsão meteorológica estima que haverá um veranico em maio”, ou seja, quando o frio deveria se fazer mais presente, as temperaturas poderão alcançar os 30ºC.
Frente fria
Iniciado há pouco mais de dez dias, as temperaturas no outono seguem elevadas. A promessa é de que a estação será com temperaturas ligeiramente acima da média para a estação e com chuvas mais presentes graças à influência do El Niño.
Por enquanto, a mudança mais brusca ocorrerá neste fim de semana. Segundo o Simepar, haverá o avanço de uma frente fria na quinta-feira e trará chuva na quinta e na sexta com volume expressivo, perto dos 30 milímetros na região. No sábado, no domingo e na segunda o tempo firma, mas a temperatura mínima vai baixar para 13ºC. Por enquanto, não há previsão de quedas bruscas nas temperaturas nem avanço de massas de ar frio.
Reportagem: Juliet Manfrin