Agricultura

Inverno: Lavouras do Paraná mantêm ritmo produtivo

Inverno: Lavouras do Paraná mantêm ritmo produtivo

O frio trouxe consigo dois dias com geadas intensas em uma área de maior amplitude que o comum, que incluiu regiões que não passam tão frequentemente por este fenômeno. Apesar de a geada causar perdas para algumas culturas, o frio, em geral, também pode apresentar benefícios para as culturas de inverno.

A Previsão Subjetiva de Safra, elabora pelo Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, divulgada esta semana trouxe as previsões para as safras atuais referente à última segunda-feira (23), ou seja, ainda não mensurou o impacto das geadas dos últimos dias, mas os técnicos do departamento anteciparam qual cenário esperar.

No geral, o clima mais frio colabora para o controle de pragas de todas as culturas, diminuindo custos para o produtor.

Trigo

Para o trigo, cultura de inverno, o frio pode favorecer novas brotações quando acontece durante desenvolvimento vegetativo, resultando em mais espigas e maior potencial produtivo. Ou seja, o trigo não teve tantos prejuízos pela geada, como explica o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho. “Na maior parte das lavouras, a geada aconteceu em um momento em que o trigo ainda não chegou em uma fase que pode ser tão prejudicada, já que cerca de 81% encontram-se em desenvolvimento vegetativo”, explicou.

No entanto, quando ocorrem durante o período reprodutivo podem causar perdas para o trigo. Assim, o problema pode estar nos 11% que se encontram em floração, fase em que a planta fica mais suscetível a danos pela geada, e 1% em frutificação, quando também pode ser prejudicial.

O documento aponta uma produção de 2,6 milhões de toneladas de trigo, 16% a mais que o ano anterior, que era de 2,3 milhões de toneladas em uma área 27% menor que 2024, de 1,13 milhão hectares para 833,4 mil.

Milho

A segunda safra do milho, que é uma cultura de verão, em maior parte já passou pelas etapas que podem causar grandes prejuízos, já que 63% já se estão em maturação. Porém, 36% ainda estão em frutificação e 1% em floração, fases suscetíveis. Ou seja, 1 milhão de hectares estavam suscetíveis a perdas por geada, principalmente no Oeste e na região de Campo Mourão. Por outro lado, o Deral explica que mesmo que hajam perdas de 20% nesta área, ainda sim seria uma safra histórica, superando o recorde anterior da safra 2021/22.

Antes das geadas, a previsão era de que fossem colhidas 16,5 milhões de toneladas (27% a mais que as 13 milhões colhidas no ano anterior) em uma área de 2,76 milhões de hectares (9% a mais que os 2,5 milhões de hectares no ciclo de 2023/24).

O Deral informa que o cálculo efetivo das perdas ocorridas pelas geadas deve ser feito de 7 a 10 dias após o ocorrido, com as primeiras informações podendo ser observadas na próxima terça-feira (1º de julho), através do Boletim de Condições de Tempo e Cultivo.

Horticultura

As folhosas foram as mais afetadas pela geada, principalmente a céu aberto. A batata, principal produto do Estado, está menos vulnerável por ser subterrânea, mas a parte externa pode ter sofrido danos. Estufas com manejo adequado conseguiram preservar parte da produção.

Alguns produtores podem ter tido perdas totais. A expectativa é de aumento nos preços devido à redução da oferta. Já a recuperação das culturas pode acontecer em até 90 dias, dependendo da estrutura e da preparação de cada produtor.

No caso da batata, a primeira safra teve desempenho 48% superior ao ano passado, ajudada pelo clima. Já a segunda safra cresceu 11%. Quanto ao tomate, foi identificado um novo vírus, mas o manejo evitou perdas maiores. A segunda safra caiu 16%, mas a produção se recuperou nos campos mais recentes.

Geadas: FAEP orienta produtores

A onda de frio que avançou sobre o Paraná entre os dias 23 e 25 de junho acendeu o alerta para possíveis perdas no campo. As baixas temperaturas atingiram cultivos em diferentes fases de desenvolvimento. Diante desse cenário, a FAEP orienta os municípios atingidos a registrarem as ocorrências para acessar recursos. Os sindicatos rurais podem auxiliar nesse processo.

A frente fria concentrou-se especialmente na metade Leste do Estado, com forte incidência nas regiões Centro-Sul, Sudeste, Campos Gerais, Região Metropolitana de Curitiba e litoral. Segundo o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), na madrugada do dia 25 foram registradas as menores temperaturas do ano em pelo menos 29 municípios. Em 20 deles, os termômetros marcaram valores negativos.

“O produtor rural paranaense já demonstrou inúmeras vezes sua capacidade de superação diante das adversidades climáticas. Neste momento, é fundamental monitorar os impactos e buscar medidas para reduzir os prejuízos no campo”, afirma Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino da FAEP.

Segundo Bruno Vizioli, do Departamento Técnico e Econômico da FAEP, já existe um trabalho para dimensionar a extensão dos danos. “As perdas estimadas são de 30% no milho e de 20% a 25% no trigo. Hortaliças e café, por serem mais sensíveis, podem ter perdas acima de 90% quando atingidos por geadas intensas”, afirma o técnico, destacando que o impacto varia conforme a fase de desenvolvimento das culturas e a intensidade do frio.