Após apelo do IFPR (Instituto Federal do Paraná), os vereadores cascavelenses se mobilizam para definir ações contra o contingenciamento de quase 40% dos recursos à instituição de ensino, que fica na zona norte da cidade.
Do montante de R$ 1,1 milhão previsto no orçamento deste ano, R$ 411 mil foram cortados, restando ao caixa apenas R$ 706 mil para as ações previstas. O recurso é considerado insuficiente pelo diretor, Luiz Carlos Eckstein, que ontem usou a tribuna da Câmara e pediu ajuda dos parlamentares para que façam uma moção e também pressionem os deputados para que os recursos totais sejam mantidos.
“Precisamos do auxílio dos vereadores para tentar reverter esse corte que pode ser muito drástico. Sem o orçamento não há como manter todas as atividades”, afirma Eckstein.
A situação mais grave está relacionada aos terceirizados – limpeza, manutenção, portaria e vigilância. Um terceirizado já teve que ser dispensado. Outras medidas já tiveram que ser aplicadas devido ao corte de repasses: o elevador está trancado e as impressões foram parcialmente suspensas.
O IFPR em Cascavel tem 13 servidores terceirizados – além de 33 professores. Ao todo são 500 alunos que dependem da estrutura. O contingenciamento não é uma exclusividade de Cascavel – foi aplicado a todas as instituições no País. Em todo Brasil são R$ 900 milhões cortados. O Conselho Nacional dos Reitores cobra do governo federal a suspensão dos cortes. “Se não ocorrer, terão que suspender as atividades no segundo semestre. Não teremos condições de pagar água, luz e terceirizados”, afirma o diretor da instituição em Cascavel.
Com foco na profissionalização, o IFPR é uma herança da gestão do governo anterior. Os educadores estão unidos para que o trabalho não pare por falta de verbas. A partir desse mês, o IFPR já não tem mais orçamento empenhado. “O IFPR é uma escola de pobre: 80% cota, 60% oriundos de escola pública. Temos alunos que vêm de outras cidades. 80% são da zona norte de Cascavel. Quem sofre são as pessoas mais carentes”, afirma Eckstein.
Briga comprada
Diante da situação financeira do IFPR, parlamentares defenderam as cobranças repassadas aos congressistas com o propósito de alertar o governo federal sobre o uso adequado dos recursos nas cidades brasileiras, como é o caso de Cascavel. “É importante comprarmos essa briga para que o contingenciamento não aconteça”, destaca o vereador Celso Dal Molin (PL). Em relação ao Estado, o vereador Paulo Porto (PCdoB) alertou sobre a situação da Unioeste, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, que também passa por situação parecida devido cortes do governo paranaense. “Tem recursos suficientes apenas para funcionara te agosto – palavras do diretor da instituição”, diz Porto. Os vereadores preparam uma Moção para ser encaminhada hoje ao governo federal, deputados e senadores, além de uma visita ao IFPR de Cascavel, amanhã. “A implantação do IFPR foi muito importante para Cascavel e na região, com a oferta dos cursos de Análises Químicas, Informática, licenciatura em Química, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e especialização em Educação, Tecnologia e Sociedade”, defende Alécio Espínola (PSC), presidente da Câmara.
Reportagem: Josimar Bagatoli