Beto se cala, mas já tem gente na fila da delação
O ex-governador Beto Richa e a esposa, Fernanda, entraram mudos e saíram calados da sessão de interrogatório a que foram chamados na manhã dessa sexta-feira no Gaeco. Aconselhados por seus advogados, fizeram uso do direito ao silêncio. Com isso, não se incriminaram mais do que os termos da delação de Tony Garcia nem às provas colhidas pelo Ministério Público no decorrer do inquérito. O mesmo comportamento tiveram outros dos 15 envolvidos e presos temporariamente pela Operação Radiopatrulha. Porem, já teriam mostrado vontade de colaborar – isso é, de fazer delação que os premie com redução de penas ou perdão total – os ex-secretários Deonilson Roldo (Comunicação e Chefia e Gabinete) e Ezequias Moreira (Cerimonial), além do amigo-empresário Jorge Atherino. O empresário Celso Frare, da locadora Ouro Verde, uma das empresas que locavam máquinas para a Patrulha do Campo e acusado de devolver propinas à organização criminosa supostamente comandada por Beto Richa, também já teria mostrado disposição de contar tudo o que sabe.
E agora?
A questão é: o primeiro a delatar e fizer o relato mais completo e comprobatório terá mais chances que os demais de obter os prêmios. Os outros, se não acrescentarem fatos novos e se não mostrarem provas não conhecidas anteriormente, podem sair prejudicados. Vai se assistir agora a uma fila de delatores na Operação Radiopatrulha. E será bom observar quem detém as informações mais amplas e tiver mais a perder se não abrirem o bico do tico-tico.
Explodiu
“Trackings” de uma das campanhas ao governo do Paraná apontam que bastaram dois dias após a eclosão do cataclismo do dia 11 para que a intenção de voto em Beto Richa desabasse.
O que é
“Tracking” é uma técnica de pesquisa rápida, feita mediante disparos aleatórios de milhares de ligações telefônicas, que serve para medir a temperatura do eleitoral. É usual em todas as campanhas. Não seguem a mesma metodologia rigorosa das pesquisas de campo, mas fornecem dados que se aproximam da realidade e indicam caminhos para a definição imediata de estratégias de ação ou reação.
Sai Beto entra Osmar?
Os levantamentos, para fins exclusivamente internos e não registrados, que mostram que a manutenção da candidatura de Richa se tornou inviável, mostra também que há espaço para o surgimento de outra candidatura para ocupar o vácuo. Nesse caso, a do pedetista Osmar Dias.
Liturgia da despedida
Aguarda-se para, no máximo, segunda-feira (17) o anúncio de que Beto Richa deixa de ser candidato a senador pelo PSDB. Seu próprio partido e a coligação de apoio à reeleição de Cida Borghetti – à frente seu principal coordenador, o deputado Ricardo Barros – desenham a liturgia do anúncio.
Discrição
Tudo leva a crer, no entanto, que vai predominar a discrição: apenas uma nota à imprensa, provavelmente assinada pelo diretório estadual tucano anunciando a desistência, seguida de outra da coligação confirmando que o deputado Alex Canziani passa a ser, a partir de agora, candidato único da chapa ao Senado.
Fora
Da propaganda eleitoral da coligação de Cida em rádio e TV já não consta a participação de Beto Richa; as inserções de anúncios nos intervalos também foram suspensos. O comitê de campanha na Rua Mateus Leme já está sendo desmobilizado.
Desmonte
O desmonte atinge também a candidatura do filho Marcello Richa, que disputaria uma cadeira na Assembleia Legislativa. Seu escritório de campanha, na Rua Lysymaco Ferreira da Costa, no Centro Cívico, a três quadras do Palácio Iguaçu, não apresenta sinais de movimento desde a quarta-feira (12).