Catanduvas – O deputado estadual Soldado Adriano, membro titular da Comissão de Segurança Pública e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, visitou três presídios na região oeste durante a semana. Ele está fazendo um raio-x do sistema carcerário estadual e o objetivo é promover audiências públicas para discutir ações que possam melhorar o caótico e problemático sistema.
A primeira visita do parlamentar, acompanhada com exclusividade pelo Jornal O Paraná, ocorreu ao presídio federal de segurança máxima em Catanduvas. Inaugurado em 2006, o presídio é referência brasileira no encarceramento de presos considerados de altíssima periculosidade, como líderes de grandes facções criminosas. O presídio serviu inclusive como modelo para implantação das outras quatro estruturas federais localizadas em outras regiões do Brasil.
Para o deputado, o sistema ali representa um mundo à parte, com completo isolamento dos detentos do comando do crime organizado, intensificado mais recentemente por visitas exclusivas via parlatório ou videoconferência, sempre monitoradas, de modo que não possam mais dar ordens ao crime, mesmo estando atrás das grades. “Não conhecia a estrutura e o que vi achei fabuloso, O trabalho que é feito no presídio em Catanduvas pode em muito contribuir e servir como um exemplo, ações que possam ser replicadas nas penitenciárias estaduais sem onerar mais o Estado”, destacou.
Após deixar Catanduvas, o deputado visitou a PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel) e a PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel). Ali ele encontrou situações bem diferentes, sobretudo na PEC. Enquanto em Catanduvas presos não dividem celas, em Cascavel o que se viu foi um espaço lotado e com problemas estruturais, inclusive um dos blocos que segue desativado desde a última rebelião, em novembro de 2017.
A ideia das audiências públicas é trazer, em um grupo multidisciplinar, com autoridades em segurança, parlamentares e, governos a sociedade civil, o debate do que pode ser mais eficaz no sistema prisional paranaense, um dos mais superlotados do Brasil, muito em decorrência da proximidade com a fronteira com o Paraguai de onde parte boa parte das drogas, armas e munições que abastece o sistema paralelo e ilícito no Brasil. “Outro ponto é a nossa fronteira, que é caótica. Atuei nela por dez anos e conheço a fundo como é. Ela precisa ser monitorada, controla para conter estes crimes”, destacou.
“E outra, a gente só discute o sistema prisional quando acontece uma rebelião. Quando não se tem rebelião fica tudo quieto e este é um problema que precisa ser resolvido (…) o que não pode é continuar ouvindo que existem penitenciárias em obras e que nunca são inauguradas. Além da PEC, soube que existe uma estrutura em Piraquara que foi considerada modelo no estado e que está desativada. São questões que precisam ser discutidas e que não se pode mais esperar. Se não, passam os quatro anos e nada foi feito”, seguiu o parlamentar que promete que sua articulação iniciará imediatamente com ações que possam ser propostas o mais rápido possível.
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Reportagem: Juliet Manfrin