Curitiba – O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) se tornou réu pela terceira vez em uma ação penal derivada da Operação Quadro Negro. O juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 9ª Vara Criminal de Curitiba, acolheu nessa segunda-feira (15) a denúncia contra Richa pelos crimes de corrupção passiva e de dar causa à vantagem indevida na execução de contrato de licitação. “Verifico a existência da justa causa para exercício da ação penal, consubstanciada nos elementos indiciários e elementos de prova que instruem os autos e que representam lastro probatório da materialidade e de indícios suficientes de autoria dos delitos atribuídos ao denunciado”, escreveu o juiz.
Beto Richa já era réu em outras duas ações penais derivadas da Operação Quadro Negro, que investiga desvio de mais de R$ 30 milhões da Secretaria da Educação em reformas e construções de escolas, entre 2011 e 2014, sem que elas de fato tivessem acontecido.
Desta vez, a denúncia do Ministério Público mira dois contratos com a empresa M.I. Construtora de Obras, firmados em 2013, para construção do Colégio Estadual Professora Leni Marlene Jacob e do Colégio Estadual Pedro Carli, em Guarapuava. Cada obra era estimada em R$ 4,3 milhões.
O Gaeco narra que o modus operandi era semelhante ao verificado na Valor Construtora, pivô da Operação Quadro Negro.
A M.I. Construtora de Obras conseguiu receber pagamentos mesmo sem executar o que era devido. A empresa contava com a ajuda de fiscais ligados à Secretaria da Educação, que atestavam evoluções fictícias das obras para liberar o dinheiro. Parte do pagamento ilegalmente liberado à empresa virava propina – e o principal beneficiário seria Beto Richa, segundo o Gaeco.
O próprio dono da M.I. Construtora de Obras, Iolmar Ravanelli, admitiu pagamento de propina e se tornou delator no final de 2017.
O ex-governador tem se defendido que foi ele quem determinou as investigações na Secretaria de Educação e que ele quem teria denunciado o caso ao Ministério Público.