Política

Votação sobre empréstimo para compra do Atacado Liderança é adiada

Por Josimar Bagatoli

Mesmo com a forte pressão da base governista, os vereadores decidiram adiar para a próxima segunda-feira a votação sobre o empréstimo para a compra da estrutura do Atacado Liderança pela Prefeitura de Cascavel.

Em sessão conturbada, os parlamentares primeiro derrubaram o parecer da Comissão de Justiça e Redação – que era contra a proposta da prefeitura, classificando-a como inconstitucional e ilegal.

O vereador Olavo Santos (PHS) se absteve de todas as votações justificando que o filho atua na empresa que avaliou o imóvel – a Valor Consultores -, mesmo sem haver impedimentos legais.

No debate sobre a constitucionalidade e a inconstitucionalidade, os únicos que votaram pela manutenção do parecer foram Fernando Hallberg (PPL), Mauro Seibert (PP) e Pedro Sampaio (PSDB).

Superada a barreira sobre a legalidade da proposta, os parlamentares debateram então a necessidade da compra da estrutura avaliada em R$ 28 milhões – dinheiro que será emprestado da Caixa, que, com juros, a estimativa da prefeitura é pagar mais R$ 17,5 milhões, com carência de dois anos e outros oito para liquidar a dívida.

Para o vereador Jorge Bocasanta (Pros), a participação da iniciativa privada seria fundamental: “Um novo Centro de Eventos não trará nem afastará empresas. É bom para a cidade, mas o problema é a manutenção. As entidades deveriam se comprometer com a gestão da estrutura”.

Já Mauro Seibert pediu cautela: “Teremos um novo presidente ano que vem e o Município também poderia verificar com o novo governador esse recurso, pois há outro projeto [Avançar Cidades] que demandará mais R$ 35 milhões de empréstimo”.

Postas opiniões divergentes em plenário, Sebastião Madril – que presidiu a sessão devido à falta de Gugu Bueno – entregou a presidência a Celso Dal Molin e pediu vistas ao projeto.

Diante da ação, uma dúvida fez com que a sessão fosse interrompida por cinco minutos: os parlamentares consultaram o Regimento Interno para definir quem votaria a proposta de pedido de vistas: Celso ou Madril. Por decisão da Procuradoria Jurídica, Madril teve direito ao voto.

Assim, por 11 votos favoráveis, uma abstenção e sete contrários, o pedido de vistas foi aprovado e a proposta volta semana que vem a plenário. Votaram pelo adiamento: Carlinhos de Oliveira, Damasceno Jr, Bocasanta, Hallberg, Josué de Souza, Seibert, Roberto Parra, Paulo Porto, Pedro Sampaio, Sebastião Madril e Serginho Ribeiro. Votaram contra o adiamento Alécio Espínola, Aldonir Cabral, Rafael Brugnerotto, Jeferson Cordeiro, Sidnei Mazutti, Misael Jr e Valdecir Alcantara.

 

Consórcio quer comprar o Atacado Liderança

Por Luiz Carlos da Cruz

A tentativa do Município de Cascavel de comprar o prédio do Atacado Liderança – empresa em processo de recuperação judicial – pode esbarrar em um novo obstáculo, até então conhecido só nos bastidores.

Um consórcio formado por empresários – que não residiriam em Cascavel – estaria disposto a pagar pela área os R$ 28 milhões determinados pela Justiça. O valor venal do imóvel é de R$ 47 milhões. A Prefeitura de Cascavel aguarda aval da Câmara para contratar empréstimo para a compra do prédio (leia mais na página 3).

O prefeito Leonaldo Paranhos confirmou à reportagem do Hoje News informações extraoficiais sobre o grupo de empresários dispostos a comprar o imóvel que tem área total de 68,7 mil metros quadrados.

Paranhos disse que o próprio dono da área já havia lhe confirmado isso quando uma comitiva formada por líderes da cidade visitou o imóvel. “As informações que eu tenho é de que existe um consórcio de empresários de fora, não sei se tem gente de Cascavel ou não, mas eles têm interesse nisso [na compra] e querem evidentemente que a prefeitura não compre”, explicou o prefeito.

Paranhos, que ontem estava em Brasília, disse que pretende fazer uma reunião com secretários e vereadores para discutir a questão: “Está muito claro que existe uma ‘contaminação’ no sentido de atrapalhar o andamento porque é uma obra que está avaliada em R$ 47 milhões e é claro que isso desperta interesse em quem mexe com investimentos, mais ou menos como aconteceu lá no hospital [Jácomo Lunardelli]. Eu tive que determinar que faríamos a desapropriação para que o Município tivesse acesso [ao prédio]”, lembrou.

Paranhos afirma que os interesses pessoais não podem se sobrepor aos da população, que precisa de emprego e renda. Ele destaca que o Brasil mudou e já não aceita que pessoas tirem vantagem financeira à custa dos cofres públicos.

O prefeito completou dizendo que não vai admitir que Cascavel sofra com essa prática e que, se preciso, pode abrir mão da compra do espaço para, em um segundo momento – após a aquisição por parte de algum empresário -, declare a área de utilidade pública.

Estranho

O vereador Alécio Espínola, líder do Governo na Câmara, conta que na semana passada houve uma audiência pública cuja maioria foi favorável à compra do prédio do Atacado Lidernaça e estranhou o pedido de vistas feito ontem pelo vereador Madril ao projeto de empréstimo. “Eu acho que a compra é livre, qualquer um tem o direito de comprar ou não comprar, agora o que nós temos que entender é que os vereadores têm que olhar o interesse público, eles não podem fazer o jogo desses empresários”, opina.

Ontem surgiram informações de que o empresário Nelson Padovani estaria disposto a comprar a área, mas à reportagem ele negou o interesse: “Eu vendo máquinas agrícolas e loteamentos, não mexo com loja, não”, garantiu.