Cotidiano

?Diretor da Propina? respondia a Marcelo Odebrecht, afirma gerente de RH da construtora

SÃO PAULO ? O Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como a ?Diretoria da Propina?, respondia ao presidente afastado do grupo Marcelo Odebrect. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o gerente de recursos humanos da Odebrecht, Paulo de Sousa Sabiá, afirmou que Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho era o líder do setor e respondia diretamente a Marcelo Odebrecht. É a primeira vez que um funcionário da construtora, que não é alvo da Lava-Jato, aponta uma ligação direta do executivo com a “Diretoria da Propina”.

? Seu Hilberto ficava ligado diretamente ao diretor-presidente da organização ? afirmou Sabiá, sendo questionado por se então a ligação seria com o empresário Marcelo Odebrecht. O gerente de RH responde: ? Isso.

Sabiá foi uma das testemunhas ouvidas nesta quarta-feira pelo juiz Sérgio Moro na ação da 26ª fase da Lava-Jato, batizada de ?Xepa?. Ele afirmou ainda ao juiz que o setor funcionava como uma estrutura normal dentro da empresa:

? Era uma estrutura como todos as demais da organização. Não tinha nada que, eventualmente, fosse diferente de outra estrutura.

Durante a coletiva da 26ª fase da Lava-Jato, batizada de ?Xepa?, os investigadores afirmaram que o empresário tinha participação direta no esquema:

? Não há qualquer dúvida da participação direta de Odebrecht ? afirmou em março a delegada Renata Rodrigues.

O Setor de Operações Estruturadas funcionou com uma estrutura profissional de pagamentos sistemáticos de propina no Brasil e no exterior, segundo a Lava-Jato. Somente em duas contas ligadas a esse setor paralelo estima-se R$ 91 milhões em pagamentos suspeitos de serem ilícitos.

Na terça-feira, o GLOBO mostrou que a assinatura de um acordo de delação de Marcelo Odebrecht, que pode livrá-lo da cadeia, depende da apresentação arquivos digitais da empresa contendo provas do pagamento de propina a políticos e autoridades. Os documentos estariam num sistema de informática usado pela Setor de Operações Estruturadas.

Os investigadores chegaram a achar que os dados haviam sido apagados dos computadores pela Odebrecht no ano passado, após a prisão de Marcelo Odebrecht. Contudo, um depoimento de um técnico de informática mostrou revelou a existência de um servidor reserva na Suíça onde estão armazenados todos os detalhes de transações ilícitas. O sistema funcionou ativamente até o fim de maio de 2016.