ANCARA Após decretar estado de emergência, o governo turco deteve mais 32 juízes e dois oficiais do Exército nesta quinta-feira, intensificando a ofensiva contra os supostos conspiradores da tentativa de golpe na semana passada, informou a mídia estatal.
As detenções reportadas pela agência de notícias Anatolia ocorreram horas depois de o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, declarar estado de emergência durante três meses, numa medida que espera ampliar ainda mais a repressão contra as pessoas supostamente envolvidas na rebelião militar.
Até o momento, cerca de 10 mil pessoas foram presas e centenas de escolas continuam fechadas. Em torno de 60 mil funcionários civis foram afastados de seus cargos.
O governo de Ancara atribui a rebelião ao movimento religioso liderado pelo clérigo turco Fethullah Gülen exilado nos Estados Unidos. O Parlamento turco se reunirá mais tarde nesta quinta-feira para aprovar a proposta do estado de emergência de Erdogan.
Um dia após a medida ser decretada, o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, pediu à Turquia que não comece uma caça às bruxas contra os opositores políticos.
É “essencial que o estado de emergência esteja limitado a uma duração necessária” ao fim da qual precisa ser levantado imediatamente, indicou em um comunicado o chefe da diplomacia alemã.
Steinmeier convocou Ancara a respeitar os princípios do “Estado de direito” e a manter “a medida justa das coisas” na aplicação deste regime de exceção.
“A tentativa de golpe deixa marcas profundas na política e na sociedade turca”, prosseguiu Steinmeier. “Apenas o envolvimento em atos penalmente repreensíveis pode ser alvo de medidas de Estado, não a suposta opinião política”.