BRASÍLIA – O Brasil receberá, até o final de agosto, mais 1,2 mil profissionais cubanos para trabalharem no programa Mais Médicos. O anúncio foi feito nesta sexta-feira pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante evento de recepção dos estrangeiros. Hoje, 300 cubanos foram recebidos em Brasília. Até o final de agosto, chegarão mais 900 profissionais daquele país. A renovação dos contratos com os cubanos ocorre em meio a um impasse sobre o reajuste da bolsa dos profissionais. O governo cubano, que fica com a maior parte dos R$ 10.513 pagos aos profissionais, teria pedido um aumento de 30%, mas o governo brasileiro teria oferecido apenas 10%.
Durante o evento, Barros minimizou o impasse, afirmando que o Mais Médicos exerce uma forte responsabilidade no país. Ao final de seu discurso, Barros ouviu uma rápida vaia de médicos que estavam no local.
? O Mais Médicos é uma política de grande sucesso e aprovação popular. É uma política que tem uma grande importância para os municípios do país, pois quase metade deles só tem médicos por conta do programa ? declarou o ministro durante o evento.
A vice-ministra de Saúde Pública de Cuba, Marcia Cobas Ruiz, em reunião na semana passada, disse que o contrato deles não seria renovado. Mas, de acordo com autoridades brasileiras presentes, ela afirmou que viriam outros profissionais para repô-los. Em novembro, termina o primeiro contrato de três anos de cerca de 3,5 mil cubanos. A expectativa de Barros é de renovar esses contratos por mais três anos, o que é permitido por força de um decreto assinado pela presidente afastada, Dilma Rousseff.
?TERRENO FÉRTIL?
Essa negociação com o governo cubano ocorre com a intermediação da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Durante o evento, o representante da entidade no Brasil, Joaquin Molina, defendeu a parceria e disse que o país é um terreno fértil para os profissionais cubanos.
? Cubanos encontraram um excelente campo de trabalho. O Brasil é um terreno fértil. Depois de três anos, podem ter certeza, o povo brasileiro terá saudades de vocês ? declarou Molina na recepção dos novos profissionais.
Diferentemente de como ocorreu em outras chamadas para o programa, dessa vez, serão apenas profissionais cubanos e brasileiros. O governo federal repatriou 300 médicos formados no exterior. Também por força de decreto, assinado por Dilma, os brasileiros formados fora do país têm o direito de atuar pelo programa sem precisar revalidar o diploma. Eles têm até seis anos – período máximo que podem atuar no Mais Médicos – para regularizar suas situações.
Nenhum médico de Cuba quis falar com a reportagem. Em um rápido contato, uma profissional daquele país disse que eles foram orientados a não comentar o programa.
* estagiário sob orientação de Evandro Éboli