BRASÍLIA – A tarde desta quarta-feira foi de despedida para Eduardo Cunha e Cláudia Cruz, que receberam cerca de 50 convidados em um churrasco na residência oficial da presidência da Câmara dos Deputados, no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Os anfitriões abriram os jardins da casa para funcionários e seguranças da Polícia Legislativa que vêm lhes servindo desde o começo do ano passado. Garçons serviam cerveja de garrafa e diferentes carnes em esquema rodízio, enquanto uma cantora, com violão, entoava música sertaneja.
Apesar do dia ensolarado, Cunha não deixou de lado a gravata e a roupa social. Sem paletó, sentou-se ao lado dos funcionários, enquanto Cláudia Cruz fazia fotos do almoço. O clima era de diversão e Cunha chegou a cantarolar.
Embora esteja com as contas e os bens bloqueados pela Lava-Jato, Cunha afirmou ter pagado do próprio bolso o churrasco, organizado por uma empresa de buffet. Na semana passada, seus advogados pediram à Justiça Federal, em Curitiba, o desbloqueio de sua conta, sob o argumento de que a decisão comprometeria sua ?sobrevivência?.
A cantora sertaneja tinha dado a vez a uma animada música eletrônica quando Cunha, ao ver fotos do almoço no GLOBO, publicadas no blog de Lauro Jardim, reclamou com os presentes do ?assédio da imprensa? e entrou na casa. Em seguida, ordenou que todos também deixassem o jardim. O almoço terminou na sala da casa.
A ideia para a churrascada de Cunha começou a ser consumada pelas mãos de Bernadette Soares, a administradora da residência oficial, que disparou o convite, com o adendo de que Cunha ?desejava a presença de todos?. Nem todos toparam.
A relação de Cunha com a Polícia Legislativa vem irritando alguns dos seguranças. Embora não seja mais presidente da Câmara há 21 dias, Cunha ainda tem usado a escolta destinada a quem ocupa o cargo. Na segunda-feira, por exemplo, ao chegar a Brasília, o peemedebista foi acompanhado até a residência oficial por quatro seguranças. Há duas semanas, quando embarcou da capital para o Rio, também teve o serviço.
A direção da Câmara deve destinar seguranças para Cunha mesmo após ele deixar a casa, já que ele disse ter recebido ameaças recentemente. Os Cunha são obrigados a deixar o imóvel até o dia 7 de agosto, quando se completam os 30 dias de prazo para que seja feita a desocupação.