SÃO PAULO – O Grupo Pão de Açúcar, maior rede varejista do país, divulgou nesta quinta-feira que teve um prejuízo de R$ 583 milhões no segundo trimestre. No mesmo período do ano passado, o GPA havia reportado prejuízo de R$ 13 milhões. Nos primeiros seis meses do ano, o prejuízo chegou a R$ 739 milhões, revertendo um lucro de R$ 238 milhões registrado no mesmo período de 2015.
? Temos adotado uma postura mais defensiva da companhia, desde 2015, adequando os negócios a uma nova realidade. Esse ajuste busca uma melhor produtividade, simplificação dos processos, qualidade no atendimento de clientes, capital de giro e investimento. Esse trabalho criou e reforçou as bases sólidas para a retomada do crescimento. Já há uma clara tendência de crescimento das vendas ? disse Ronaldo Iabrudi, CEO do Grupo.
A receita líquida do GPA chegou a R$ 16,7 bilhões no trimestre, um crescimento de 3,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O destaque positivo do balanço ficou para o Assaí, modelo que mistura características do atacado e do varejo, o chamado atacarejo com crescimento de 36,9% das vendas no trimestre.
? O crescimento foi muito forte, chegando R$ 3,6 bilhões em vendas brutas. O Assaí já é o maior formato do GPA representando 20% do grupo e 34% do segmento alimentar. O crescimento foi possível às novas lojas abertas no segundo semestre do ano passado e aumento de vendas no critério mesmas lojas. Houve também maior fluxo de clientes e a alta das commodities agrícolas no mercado internacional gera um ganho positivo para os atacadistas ? disse Belmiro Gomes, presidente do Assaí.
O balanço foi afetado por um aumento de despesas com vendas, gerais e administrativas, que chegaram a R$ 3,5 bilhões, crescimento de 11,8% no segundo trimestre. A despesa líquida financeira cresceu 41,8% a R$ 590 milhões. O aumento das despesas, segundo o GPA, aconteceu devido à expansão de 33% do Assaí, com abertura de dez lojas nos últimos 12 meses; de 7,9% no multivarejo e crescimento de 10,1% na Via Varejo.
O grupo informou também ?outras despesas? que totalizaram R$ 481 milhões, crescimento de 467,5% no trimestre. A maior parte destas despesas refere-se a complemento de provisão de contingências fiscais como PIS e Cofins, ICMS, que somaram R$ 184 milhões. Também estão nesta conta os gastos das investigação na Cnova, que totalizaram R$ 127 milhões.
Ontem, a Grupo Pão de Açúcar anunciou que terá que fazer um ajuste de R$ 512 milhões em seu resultado líquido do ano passado para se adequar às fraudes encontradas na Cnova Brasil, empresa controlada pelo grupo e que é responsável pelos negócios de comércio eletrônico. Além do rombo no lucro líquido, também será feita uma redução de R$ 304 milhões no patrimônio da companhia varejista.
? Estamos implementando projetos de melhoria da qualidade de atendimento da CNova e concluímos o processo de investigação, com apuração dos valores finais refletidos na demonstrações financeiras ?disse Iabrudi.
As operações de varejo alimentar do GPA tiveram prejuízo de R$ 107 milhões no segundo trimestre frente a um lucro de R$ 105 milhões no mesmo período do ano passado. O segmento multivarejo, que reúne as operações do Extra e do Pão de Açúcar, teve um desempenho negativo no trimestre passado com prejuízo de R$ 145 milhões frente a um lucro de R$ 81 milhões no mesmo período do ano passado. A receita desse segmento cai 1,7% no período para R$ 6,9 bilhões.
Na véspera, a empresa do grupo focada em móveis e eletrodomésticos, Via Varejo, divulgou aumento no prejuízo do período para R$ 89 milhões.