CARACAS ? A oposição venezuelana denunciou nesta quarta-feira agressões contra seus apoiadores durante uma manifestação a favor do referendo contra o presidente Nicolás Maduro. As agressões foram atribuídas a militantes pró-governo pela coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD). Os incidentes ocorreram na cidade de Los Teques, nos arredores de Caracas, onde dezenas de pessoas se concentraram para exigir ao poder eleitoral rapidez no trâmite da consulta.
A MUD publicou a denúncia em seu site, junto com fotografias de pessoas em confronto ou fazendo alusão a agressões. Dentre as pessoas agredidas, inclui-se a deputada do Conselho Legislativo do estado de Miranda, ao qual Los Teques pertence.
A legisladora Clara Mirabal “foi perseguida por pessoas violentas diante do olhar complacente dos funcionários da GNB (Guarda Nacional Bolivariana)”, assinalou a aliança.
A mobilização foi convocada pelo ex-candidato à Presidência e governador de Miranda, Henrique Capriles. O líder opositor conduziu um ato similar na cidade de Barquisimeto, no Oeste da Venezuela.
Lá, Capriles reiterou a jornalistas sua exigência ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para que fixe imediatamente as datas em que a MUD deverá recolher as quatro milhões de assinaturas a fim de efetivamente convocar o referendo que poderia encurtar o mandato de Maduro.
? Vamos nos mobilizar em todos os estados da Venezuela para tomar Caracas e ter a resposta que nos corresponde ? declarou o governador, cuja convocatória foi acolhida nesta quarta-feira em outros locais do país, ainda que não de forma massiva.
A MUD solicitou formalmente na terça-feira o pedido para avançar com o processo pela consulta popular. A medida veio após o CNE validar as 200 mil assinaturas exigidas na primeira fase da campanha da oposição. O órgão eleitoral tem quinze dias para responder ao novo pedido.
Numa segunda etapa, ainda sem data para começar, a oposição deverá conseguir pelo menos quatro milhões de assinaturas ? que representam 20% do padrão eleitoral ? para que o CNE autorize a realização do plebiscito. A MUD precisa correr contra o tempo, já que, se o referendo ficar para depois de 10 de janeiro de 2017, uma eventual derrota de Maduro implicaria apenas na transferência da Presidência para seu vice, Aristóbulo Istúriz.