Cotidiano

Marcelo Odebrecht presta depoimento à PGR nesta quinta

SÃO PAULO. O empresário Marcelo Odebrecht presta depoimento à Procuradoria Geral da República nesta quinta-feira, na sede da Polícia Federal em Curitiba. Condenado a 19 anos e 4 meses de prisão, Marcelo negocia acordo de delação premiada, considerado inevitável pelo grupo para evitar que o herdeiro do grupo cumpra um longo período de pena.

O empresário se comprometeu a falar sobre as obras do governo federal, especialmente do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que o Grupo Odebrecht participou, o que deve incluir também propina paga a políticos nos estados. Pelo menos 90 termos de depoimento foram apresentados por Marcelo, que deve não apenas relatar fatos novos como se compromete a ajudar a comprovar.

Cada termo corresponde a uma obra ou fato específico a ser delatado. Mais de cem políticos e dez governadores devem ser citados, mas não há detalhes sobre o que será dito sobre eles – ou seja, não há informação se houve ou não pagamento de propina a todos os que terão seus nomes citados.

Cerca de 35 a 40 executivos da empresa também foram incluídos no acordo e os depoimentos de alguns deles já começaram a ser colhidos.

Principal programa de investimento federal, o PAC previa recursos de R$ 1,59 trilhão entre 2011 e 2014 em áreas como moradia, saúde e social. Parte dos recursos foi aplicada em grandes obras de logística, energia e saneamento, por exemplo. Além da Petrobras, outras obras do PAC já foram alvo de delação na Operação Lava-Jato.

A Polícia Federal já investiga dois lotes das obras de transposição do Rio São Francisco, no trecho de Pernambuco a Paraíba, que ficaram a cargo do consórcio OAS/Galvão/Barbosa Melo/Coesa, que usaram empresas de fachada para desviar cerca de R$ 200 milhões. A obra total de transposição estava orçada em R$ 8,2 bilhões.

Executivos da Andrade Gutierrez, que assinaram acordo de delação, relataram o pagamento de propina de R$ 150 milhões nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, equivalentes a 1% do valor dos contratos. Segundo eles, a propina era dividida meio a meio entre PT e PMDB.