RIO ? Um relatório divulgado nesta segunda-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que uma em cada quatro mortes de crianças com menos de 5 anos está relacionada com ambientes poluídos e insalubres. A cada ano, riscos ambientais, como poluição do ar e da água, fumo passivo, falta de saneamento básico e de infraestrutura adequada de higiene, são responsáveis pela morte de 1,7 milhão de crianças.
? Um ambiente poluído é mortal, particularmente para crianças pequenas ? disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS. ? Com órgãos e sistema imunológico em desenvolvimento, e corpos e vias aéreas menores, elas são especialmente vulneráveis à água e ao ar sujos.
O relatório ?Herdando um mundo sustentável: atlas da saúde e do ambiente infantis? revela que uma grande proporção dessas mortes poderia ser evitada por intervenções que reduzem os riscos ambientais, como acesso ao saneamento básico e o uso de combustíveis limpos no preparo de alimentos. A exposição a ambientes insalubres pode começar ainda durante a gravidez, aumentando os riscos de nascimento prematuro. Além disso, crianças expostas à poluição atmosférica ou ao fumo passivo têm mais chances de contraírem pneumonia e de desenvolverem doenças respiratórias crônicas, como a asma.
As cinco principais causas de crianças entre 1 mês e 5 anos de idade relacionadas ao ambiente são: infecções respiratórias, como a pneumonia, relacionadas com a poluição do ar, com 570 mil mortes; diarreia, provocada pela falta de acesso ao saneamento básico e à infraestrutura adequada de higiene, com 361 mil mortes; condições neonatais, incluindo a prematuridade, relacionadas à falta de acesso à água limpa e ao saneamento básico, com 270 mil mortes; a malária, com 200 mil mortes; e lesões não intencionais, como envenenamento, queimaduras e afogamento, também com 200 mil mortes.
No Brasil, a taxa de mortes de crianças com menos de 5 anos atribuídas ao ambiente é de 41,38 para cada 100 mil habitantes. Já em Serra Leoa, a taxa é de 780,60 para cada 100 mil habitantes, a pior entre todos os países.
? Um ambiente poluído resulta num peso à saúde das nossas crianças ? disse Maria Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública da OMS. ? Investir na remoção de riscos ambientais para a saúde, como a melhoria da qualidade da água e o uso de combustíveis mais limpos, resulta em benefícios enormes.
LIXO ELETRÔNICO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS
A OMS chama atenção para ameaças ambientais emergentes, como o lixo eletrônico, que se não for tratado adequadamente expõe as crianças a toxinas que podem provocar danos no pulmão, câncer, redução no desenvolvimento cognitivo e déficit de atenção.
E com as mudanças climáticas, a temperatura e os níveis de dióxido de carbono na atmosfera estão aumentando, o que favorece a liberação de pólen pelas plantas, o que está associado com o desenvolvimento da asma. No mundo, entre 11% e 14% das crianças com 5 anos ou maiores relatam sintomas de asma, e cerca de 44% desses casos estão relacionados com o ambiente.
Em casas sem acesso a serviços básicos, como distribuição de água, saneamento e combustíveis limpos para a preparação de alimentos e calefação, as crianças têm risco aumentado de diarreia e pneumonia. As crianças também estão expostas a produtos químicos danosos por alimentos contaminados, água, ar e outros produtos.