BRASÍLIA – O presidente Michel Temer atacou a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF), e disse que o ?grande alarde? causado não pode ficar ?impune?. Em evento a investidores nesta terça-feira, Temer declarou que a divulgação da operação causa ?embaraço econômico ao Brasil? e minimizou as denúncias feitas aos frigoríficos nacionais.
? Não podemos deixar transitar impunemente um alarde que, na verdade, não alcança a totalidade dos frigoríficos brasileiros ? discursou o presidente, emendando:
? Evidentemente isso causa, não posso deixar de registrar, um embaraço econômico ao país e alguns países que, de alguma maneira, pensam em suspender as compras de carne.
Logo depois dessas declarações contra a ação da PF, Temer defendeu que os desvios sejam apurados, mas seguiu atacando a repercussão das investigações. Para tentar demonstrar que as investigações da PF, divulgadas na última sexta-feira, foram "insignificantes", Temer citou números comparando alvos da operação ao total do mercado brasileiro de proteína animal.
? Temos cerca de 4.383 plantas frigoríficas no Brasil. Apenas três tiveram suspensas suas atividades. 18 ou 19 estão sendo objeto de apuração. O Ministério da Agricultura tem 11.300 servidores. Tem cerca de 30 que estão sendo investigados ? buscou minimizar Michel Temer, que comemorou a desistência da Coreia do Sul em suspender as compras de carne do Brasil. Países como China e Egito ? segundo e terceiro maiores compradores do produtos ? ainda cobram explicações do governo e interromperam os negócios.
Classificada como a maior operação da história da PF, a Carne Fraca detectou que superintendências regionais do Ministério da Pesca e do Ministério da Agricultura do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam para proteger grupos empresariais, em prejuízo do consumidor. Foram presos executivos dos grupos JBS (de marcas como Friboi, Seara e Swift) e BRF (Sadia e Perdigão). Depois de dois anos de investigação, foram identificadas irregularidades como reembalagem de produtos vencidos e venda de carne imprópria para alimentação.
Além de contemporizar arranhões na imagem do mercado de proteína animal do Brasil, Temer elogiou o produto para os investidores internacionais: disse que a carne é "enaltecida" e tem um "paladar adequado para saboreá-la". Ele ainda citou que, após reuniões de emergência no fim de semana com ministros e embaixadores de países importadores de carne, chamou todos para um "saudável" jantar em uma churrascaria na noite de domingo. A refeição, oferecida a 69 pessoas, custou à Presidência da República R$ 13.844,29, uma média de cerca de R$ 200 por convidado.