SÃO PAULO – Famoso nos picadeiros e nos palcos franceses do século XIX, o cubano Rafael Padilla, ou Chocolate, ficou conhecido como o primeiro artista negro de sucesso no país. Interpretado por Omar Sy, de ?Intocáveis? (2011) e ?Samba? (2014), Padilla é o personagem principal de ?Chocolate?, que dá início hoje, no Rio, ao Festival Varilux de Cinema Francês. Com uma semana a mais de duração do que nos outros anos, o evento fica em cartaz em 50 cidades brasileiras até o dia 22. Links Varilux
Serão exibidos 15 filmes inéditos e um clássico, ?Um homem, uma mulher? (1966), de Claude Lelouch ? Palma de Ouro em Cannes e ganhador dos Oscars de filme estrangeiro e de roteiro. Entre os principais destaques do Varilux estão ?Meu rei?, de Maïwenn, com Vincent Cassel e Emmanuelle Bercot; ?Um amor à altura?, de Laurent Tirard; e a animação ?Abril e o mundo extraordinário?, de Franck Ekinci e Christian Desmares.
O diretor de ?Chocolate?, Roschdy Zem, conta que foi convidado a dirigir o filme, que estreia em circuito no Brasil em 21 de julho, com o projeto já em andamento. O roteiro, diz, havia sido escrito especialmente para Sy:
? O que me chamou a atenção, quando fui pesquisar mais sobre Chocolate, foi o fato de que ninguém, naquela época, havia visto um negro. E ele, que foi até escravo, superou todo tipo de adversidade e se tornou um dos grandes artistas populares de sua época. Teve uma vida extraordinária ? afirma ele, que está no Brasil a convite do festival.
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De origem marroquina, Zem começou carreira como ator por influência e incentivo de um assistente de André Téchiné, com quem trabalhou em ?J?embrasse pas? (1991) e ?Minha estação preferida? (1993). A estreia como diretor veio com ?Ma fé? (2006), que faz parte de mostra paralela ao festival dedicada a seus filmes. No Rio, a programação ficará concentrada no Instituto Moreira Salles. Entre os seus temas recorrentes, estão o preconceito racial e a xenofobia:
? Chocolate fazia dupla com o palhaço branco George Footit, que é interpretado por James Thierrée. Em quase todos os meus filmes, trabalho com uma dupla, quase sempre de opostos. Nesse caso, o que me interessava era falar não apenas da questão racial, mas como um personagem como esse consegue passar por cima de vários obstáculos, ganhar fama e acumular riquezas e se deixa enebriar por tudo isso.
Entre os novos projetos de Zem está a refilmagem de um clássico recente do cinema paulista, ?O invasor? (2002), de Beto Brant. O francês conta que havia se interessado pelo filme na época de seu lançamento, mas os direitos de adaptação estavam com produtores americanos:
? Achei muito bom porque tem a ver com a realidade francesa, especialmente do ponto de vista dos jovens árabes. Acho que os direitos voltaram para os produtores originais. Vamos ver se minhas ideias os agradarão.
