SHENZHEN (China) – Em missão na China, o vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), David Lipton, alertou para o elevado endividamento corporativo no país asiático, disse que este é um problema sério e defendeu que a questão precisa ser tratada de forma rápida e efetiva, ou corre o risco de se deteriorar. O número dois do Fundo destacou que dificuldades em uma economia como a chinesa podem repercutir em todo o mundo e citou as instabilidades do mercado financeiro chinês em 2015.
? Aprendemos nos últimos 20 anos como rupturas na economia e no mercado de um país podem reverberar mundialmente, como vimos na repentina instabilidade do mercado chinês no ano passado. A questão é que qualquer discussão de desenvolvimento sustentável deve levar em consideração as vulnerabilidades de uma economia sistemicamente importante ? apontou Lipton.
Hoje, o endividamento corporativo na China corresponde a 145% do Produto Interno Bruto (PIB), nível que ele considera elevado, seja qual for a medida usada. Estimativas do FMI apontam que as empresas estatais respondem por cerca de 55% desse endividamento, bem mais que os 22% que representam da economia chinesa.
Ele afirmou que, embora reconheça que a China é única em muitos aspectos, não é o primeiro país a enfrentar dívidas. E é possível aprender com experiências do passado.
Entre as lições mais importantes, destacou ele, estão o fato de que o problema da dívida corporativa deve ser tratado de forma rápida e efetiva. As dívidas de empresas de hoje podem se tornar um problema sistêmico de dívida amanhã, que levaria a um crescimento econômico mais lento ou a uma crise bancária, ou ambos.
?PROBLEMA SÉRIO E CRESCENTE?
Além disso, Lipton defendeu que tanto credores quanto endividados devem fazer parte da solução do problema, ou seja, tanto bancos quanto as companhias. E que é preciso agir também para acabar com os problemas de governança nos setores bancário e corporativo.
? A China enfrenta um conjunto extraordinário de desafios. O crescimento está desacelerando, mas para uma velocidade que seria invejada por qualquer economia avançada. No entanto, dívida corporativa permanece um problema sério e crescente que precisa ser tratado imediatamente e com compromisso com reformas ? disse.
Lipton ponderou, no entanto, que a China demonstrou uma enorme capacidade de adaptação e evolução na última geração. Assim, afirmou, ?há toda razão para acreditar que pode fazer esta transição e assegurar que o novo normal da economia chinesa é um desenvolvimento sustentável que beneficie tanto a China quanto o mundo?.