CABO CANAVERAL, Flórida – A revolucionária confirmação da existência de ondas gravitacionais, ondulações no espaço e tempo sugeridas por Albert Einstein há mais de cem anos, não foi um acidente. Uma equipe de cientistas anunciou, nesta quarta-feira, que o fenômeno foi identificado pela segunda vez. A primeira detecção foi anunciada em fevereiro deste ano.
Os pesquisadores disseram que as ondas gravitacionais detectadas mais recentemente chegaram à Terra a partir da fusão de dois buracos negros, formando um único e maior abismo. A colisão violenta, ocorrida há 1,4 bilhão de anos, desencadeou reverberações no espaço-tempo, que é uma fusão dos conceitos de tempo e do espaço tridimensional.
Essas ondas gravitacionais foram identificadas por dois observatórios americanos entre os dias 25 e 26 de dezembro de 2015. Os detectores estão localizados em Livingston, no estado de Louisiana, e em Hanford, no estado de Washington. O artigo sobre a confirmação foi publicado no periódico “Physical Review Letters”.
A primeira detecção acontecey em setembro do ano passado e foi anunciada, com alarde, em 11 de feveireiro deste ano, gerando comoção na comunidade científica. Físicos e astrônomos do mundo todo aplaudiram a confirmação das teorias publicadas por Einstein em 1916.
As ondas observadas em setembro e dezembro foram desencadeadas pela junção de buracos negros, que são regiões tão densas de materia que nem mesmo fótons de luz podem escapar dos ralos gravitacionais que eles produzem.
A fusão de buracos negros detectada em dezembro foi muito menor do que aquela observada em setembro, o que demonstra a sensibilidade do recentemente incrementado Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Ligo, na sigla em inglês).
– Estamos começando a vislumbrar o tipo de nova informação astrofísica que só pode ser obtida com detectores de ondas gravitacionais – disse o pesquisador David Shoemaker, do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT, na sigla em inglês).
Os buracos negros que desencadearam as ondas gravitacionais recém-detectadas eram de oito a 14 vezes mais massivas que o Sol, respectivamente, antes de se juntarem em um único buraco negro cerca de 21 vezes maior do que Sol. O equivalente à massa de um sol foi transformado em energia gravitacional.
O observatório em Louisiana detectou as ondas primeiro, e o laboratório em Washington identificou o sinal 1,1 milissegundo depois. Cientistas podem usar a pequena diferença de tempo para calcular uma ideia de onde a fusão entre os dois buracos negros aconteceu.
De acordo com os pesquisadores, esta segunda detecção confima que pares de buracos negros são algo relativamente comum.
– Agora que somos capazes de detectar ondas gravitacionais, elas serão uma fonte fenomenal de nova informação sobre a nossa galáxia e um canal novo inteiro de descobertas sobre o universo – disse o astrofísico Chad Hanna, da Universidade do Estado da Pensilvânia.
The research, presented at the American Astronomical Society meeting in San Diego, will be published in the journal . (Reporting by Irene Klotz; Editing by Will Dunham)