SÃO PAULO O ministro das relações Exteriores, José Serra, disse nesta segunda-feira, em São Paulo, que as expectativas de curto prazo em relação à recuperação da economia brasileira estão mais positivas desde que o presidente em exercício, Michel Temer, assumiu o poder. Segundo Serra, se a reversão das expectativas ainda não é esfuziante, pelo menos ela já ajuda na recuperação do país e na desaceleração do processo depressivo.
O que temos aqui nesse momento é um fator positivo, que são as expectativas de curto prazo. Se acreditarmos que a economia vai bem ou vai mal, a profecia se autorrealiza. Quando a incerteza predomina, os agentes econômicos postergam suas decisões de investimento e de gastos e isso aprofunda as incertezas da economia. Há inversão das expectativas e, se ela ainda não é esfuziante, já ajuda na desaceleração do processo depressivo disse o ministro a uma plateia de empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Serra lembrou que o Brasil, de 2014 para cá, viveu na prática a reversão das expectativas. Agora, disse o ministro, há um governo com mais apoio no Congresso.
Um dos fatores de fragilização do governo Dilma era a falta de apoio no Congresso, começando pelo seu próprio partido de sustentação, o que reverteu as expectativas positivas disse Serra, observando que o presidente Temer tem mostrado muita habilidade em negociar com o Congresso, o que tem resultado em aprovação de medidas importantes, como a meta fiscal e a Desvinculação das Receitas da União (DRU). Não que o governo possa fazer o que bem entender, mas algo já mudou disse.
O ministro afirmou que outro fator a mudar as expectativas de curto prazo em relação à recuperação da economia foi a escolha do segundo escalão da equipe econômica. Ele citou os nomes de Pedro Parente, indicado para a presidência da Petrobras; a economista Maria Silvia Bastos, para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES); e o economista Ilan Goldfajn, para o Banco Central.
Este segundo escalão teve um efeito muito positivo nos agentes econômicos afirmou Serra.
Serra destacou, entretanto, que no longo prazo, não há solução mágica para recuperar o crescimento econômico.
Não adianta dizer que vamos fazer um superávit primário de 4% do PIB e achar que tudo está resolvido. É preciso que o gasto privado se movimente, é preciso o ajuste fiscal, a queda da inflação ajuda na baixa dos juros. Tudo isso precisa de integração para criar um círculo virtuoso. Uma queda de um ponto percentual nos juros significa uma economia de R$ 25 bilhões em despesas do governo explicou Serra.
Ele destacou que os setores de infraestrutura, exportação e energia terão papel de ponta na recuperação da economia.
A exportação cumpre papel essencial para puxar a economia, gerar empregos e trazer benefícios do comercio exterior. A exportação crescente permite que a importação cresça. Ao mesmo tempo, como estamos num quadro recessivo, a demanda por infraestrutura está reprimida e tem a ver com o custo Brasil, que se põe como um desafio explicou.
Foi assinado um memorando entre a Fiesp e o Ministério das Relação Exteriores com o objetivo de promover as exportações e atrair investimentos.