PARIS – A França irá “até o fim” para garantir que multinacionais operando no país paguem seus impostos, garantiu o ministro das Finanças francês, Michel Sapin, em entrevista à Reuters. Segundo ele, outras empresas podem enfrentar a mesma situação que Google e McDonald’s, alvo de buscas nos escritórios na capital francesa como parte de uma investigação sobre sonegação de impostos e lavagem de dinheiro.
O ministro descartou qualquer negociação de acordo com a Google sobre impostos atrasados, como o Reino Unido fez em janeiro.
? Vamos até o fim. Podemos ter outros casos ? indicou Sapin.
As operações de busca integram o trabalho iniciado por autoridades fiscais há cerca de quatro anos, quando foram transferidos dados tributários a autoridades judiciais que investigam possíveis crimes, disse o ministro das Finanças.
Segundo a promotora financeira Eliane Houlette, a análise dos documentos coletados na terça-feira na sede da Google em Paris poderia durar anos.
? Coletamos muitos dados de computadores – afirmou Eliane em entrevista a veículos europeus. ? Precisamos analisar (os dados). (Pode durar) meses, espero que não sejam anos, mas estamos com recursos limitados.
Sapin afirmou que não poderia revelar os montantes em atraso que estão em jogo por questões de confidencialidade fiscal. Uma fonte no ministério havia dito em fevereiro que as autoridades buscam cerca de ? 1,6 bilhão (US$ 1,78 bilhões) em impostos atrasados da Google.
Google, McDonald’s e outras companhias estrangeiras como Starbucks estão sob pressão de órgãos reguladores na Europa diante da insatisfação de certos governos sobre como os negócios exploram a presença de tais empresas pelo mundo para minimizar a carga tributária que pagam.
A empresa tecnologia sustenta que está em total cumprimento da legislação francesa. Já a rede de fast-food se recusou a comentar sobre as recentes buscas, reiterando apenas que a empresa está orgulhosa em ser uma das principais contribuintes na França.
SEM ACORDO
Perguntado se as autoridades fiscais poderiam alcançar um acordo com a gigante de tecnologia, ele sustentou:
? Nós não fazemos acordo com o Reino Unido, nós aplicamos a lei.
Em janeiro, a Google concordou em pagar 130 milhões de libras (US$ 190 milhões) em impostos ao Reino Unido, sofrendo críticas de legisladores que diziam ser um montante muito baixo.
? Não haverá negociações ? declarou Sapin, acrescentando que sempre houve a possibilidade ajustes marginais, “mas não é a lógica que estamos seguindo”.
A Google, subsidiária da Alphabet, paga pouco imposto na maioria dos países europeus pois declara quase toda a receita na Irlanda. Isso é possível graças a uma abertura na legislação tributária internacional, mas gira em torno da conclusão dos contratos de vendas por autoridades em Dublin.
Caso culpada, a companhia poderia ter que pagar até ? 10 milhões (US$ 11 milhões) em multas.