Cotidiano

Testes com roedores mostram que 'pílula do câncer' não inibe tumores

RIO – Testes feitos com roedores demonstraram que a fosfoetanolamina sintética, também conhecida como ‘pílula do câncer’, não tem efeito contra tumores. Os resultados das pesquisas, realizadas pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), foram publicados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que está financiando os estudos com a substância.

Durante as pesquisas, dois grupos de roedores (um de camundongos e outro de ratos) com tumores de crescimento rápido receberam doses de fosfoetanoalmina durante dez dias, enquanto outros animais, no grupo de controle, permaneceram sem tratamento. Ao final do período, os cientistas concluíram que os animais que receberam a substância não apresentaram nenhuma melhora.

Segundo pesquisadores, os resultados indicam que a ‘pílula do câncer’ não tem efeito sobre tumores de proliferação rápida, mas ainda não bastam para descartar uma eventual eficácia em seres humanos. Para isso, serão necessários exames clínicos.

A fosfoetanolamina é fruto de pesquisas do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos. A substância vinha sendo distribuída a pacientes localmente, até que isso foi proibido pela instituição, em 2014. Em outubro do ano passado, porém, uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou uma paciente terminal a ter acesso às pílulas. Logo em seguida, centenas de pessoas conseguiram o mesmo na Justiça de São Paulo. Em novembro de 2015, uma nova liminar proibiiu mais uma vez o repasse.

Em abril, porém, uma lei aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela presidente Dilma Rousseff semanas antes de ser afastadas autorizou a distribuição da fosfoetanolamina sintética mesmo sem os testes obrigatórios e sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esta lei foi suspensa pelo STF no mês passado.