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Blatter usou Fifa para enriquecimento pessoal, segundo investigação

Blatter e mais dois teriam se enriquecido com mais de R$ 288 milhões

Uma investigação interna da Fifa apontou que o ex-presidente Joseph Blatter, o ex-secretário-geral Jérôme Valcke e seu adjunto, Mattias Kattner, fizeram uso de estratégias de enriquecimento pessoal que totalizaram U$ 80 milhões (cerca de R$ 288,8 milhões na cotação atual) nos últimos cinco anos.

— As evidências parecem revelar um esforço coordenado dos três antigos oficiais de alto escalão da Fifa para enriquecerem a si mesmos através de aumentos de salário, bônus pela Copa do Mundo e outros incentivos — explicou Bill Burck, um dos advogados que conduzem a investigação.

De acordo com a investigação, Blatter, Valcke e Kattner receberam U$ 23,4 milhões (R$ 84,5 milhões) de prêmios especiais pela realização da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, quatro meses após a competição. O pagamento dos bônus ocorreu “aparentemente sem uma disposição de contrato”, segundo a entidade.

Há outras situações suspeitas, como a renovação dos contratos de Valcke e Kattner, assinadas em 2011 e válidas até 2019. Os novos acordos garantiram a ambos cláusulas especiais que lhes permitiriam receber, somados, quase U$ 28 milhões (R$ 101 milhões) caso deixassem de trabalhar na Fifa, na eventualidade de Blatter ser derrotado em alguma eleição.

POLÍCIA REALIZA BUSCA EM ESCRITÓRIOS DA FIFA

A Fifa informou ainda ter compartilhado o resultado de sua investigação interna com as autoridades suíças e americanas, que seguem atrás de mais evidências de esquemas de corrupção na gestão da dupla Blatter-Valcke na entidade. Na quinta-feira, a polícia suíça realizou uma busca nos escritórios da Fifa, em Zurique, recolhendo documentos e arquivos eletrônicos.

Blatter foi banido de atividades relacionadas ao futebol por seis anos devido a um pagamento de quase R$ 8 milhões realizado a Michel Platini, ex-presidente da Uefa, em 2011. Valcke, por sua vez, está suspenso do futebol por 12 anos devido às denúncias de desvio de ingressos na Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil. Kattner pediu demissão voluntariamente no último mês, já durante a gestão de Gianni Infantino na Fifa.