A rechecagem de amostras antidoping colhidas na Olimpíada de Pequim, em 2008, pode custar uma medalha de ouro ao atletismo da Jamaica e fazer o Brasil herdar uma vaga no pódio, com oito anos de atraso. Segundo o jornal “Jamaica Gleaner”, o velocista Nesta Carter, parte da equipe do revezamento 4x100m naqueles Jogos, teve uma substância proibida detectada em seus exames, reanalisados neste ano a pedido do Comitê Olímpico Internacional (COI).
O jornal inglês “The Guardian” havia informado na quinta-feira, sem identificar o nome, que um atleta da Jamaica de alto desempenho estava entre os 31 atletas flagrados por doping pelo COI nas rechecagens de amostras colhidas em Pequim-2008. O COI identificou ainda outros 23 casos de doping ao re-examinar testes de Londres-2012.
Caso o doping de Carter seja confirmado na contraprova, que deve ser realizada no início deste mês, a equipe jamaicana pode perder o ouro. O time campeão do revezamento em Pequim-2008 era formado, além de Carter, por Asafa Powell, Michael Frater e Usain Bolt, grande sensação daqueles Jogos. Bolt foi campeão também dos 100m e dos 200m naquele ano.
Carter, de 30 anos, também fez parte da equipe de revezamento 4x100m da Jamaica que foi bicampeã olímpica nos Jogos de Londres-2012, além dos títulos nos Mundiais de 2011, 2013 e 2015 — este último também em Pequim. O Comitê Olímpico da Jamaica não se manifestou até o momento.
Quem se beneficiaria com uma mudança no pódio do revezamento em Pequim-2008 seria o Brasil. O time brasileiro, formado por Vicente Lima, Sandro Viana, Bruno de Barros e José Carlos Moreira, o Codó, terminou a final olímpica em quarto no revezamento 4x100m, com 38s24. Os jamaicanos conseguiram o ouro com 37s10, recorde mundial à época, seguidos por Trinidad e Tobago e Japão.
O time feminino do Brasil no revezamento 4x100m também pode ser beneficiado por eventuais mudanças de resultados de Pequim-2008 devido à descoberta de casos de doping. Uma rede de TV da Rússia divulgou no último mês que a russa Yuliya Chermoshanskaya, parte da equipe ouro em Pequim-2008, teve doping detectado nas rechecagens do COI. As brasileiras ficaram em quarto naquela final, e herdariam vaga no pódio caso a Rússia perca a medalha.
