Cotidiano

Empresário cria site com gráficos sobre violência no Recreio

RIO – Os números existem e estão à disposição do público. Por que, então, não apresentá-los de uma maneira mais simples e objetiva? Foi esse pensamento que norteou Marcos Martins, de 40 anos, dono de uma empresa de investimentos e morador do Recreio. O empresário criou o site meurecreio.com.br, no qual apresenta, por meio de tabelas e gráficos, dados sobre os índices de violência do bairro, baseados nos boletins oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP).

Qual foi a sua intenção ao criar o site?

Divulgar os números, para que a população tivesse um instrumento que ajudasse no momento de cobrar algo do poder público. Agora, podemos nos embasar melhor na hora de pedir mais policiamento, por exemplo. É necessário saber o que pedir, não apenas reclamar.

O que você pôde concluir?

No geral, os números de violência diminuíram em 2016, em comparação com o mesmo período do ano passado (o último boletim do ISP é de abril). Mas acredito que nos próximos meses o quadro pode piorar, pois perdemos o reforço do policiamento montado. Se mostrarmos os dados, podemos ter mais chances de conseguir esse reforço de volta, por exemplo. O que me chamou a atenção primeiro foi que os números de roubo e furto de veículos estão diminuindo. E essa não é a impressão que temos no dia a dia. Por outro lado, a apreensão de menores cresceu muito.

Além de organizar melhor os números, em alguns casos você os dissecou.

Resolvi fazer um raio X aprofundado dos números de apreensão de menores, estupro e roubo a pedestre. Porque foram dados que apresentaram especificidades. Apreensão de menores, por exemplo, teve um boom em 2012. Estupro também cresceu consideravelmente nos últimos anos, e roubo a pedestres é o que, geralmente, mais preocupa a população. O que eu fiz nesses casos foi detalhar de que delegacia veio o registro, 42ª (Recreio) ou 16ª DP (Barra).

Disponibilizar os dados em gráficos é vantagem?

O site fica mais atrativo. Tenho facilidade para manipular dados, fazer planilhas; não me deu muito trabalho. A ideia é atualizá-lo todo mês.

Como morador, você fica assustado com a violência?

Tenho uma filha pequena e fico com medo. Nunca fui assaltado, mas há ruas desertas, perigosas. Claro que a sensação de insegurança às vezes é maior do que a realidade, principalmente pela velocidade com que a informação circula. Na internet todo mundo compartilha qualquer assalto instantaneamente. Mas moro aqui há 15 anos, e tenho certeza de que a situação piorou. Sei de amigos que moram na praia e querem vender os imóveis para se mudarem para um condomínio fechado. Tem gente que culpa a evolução da mobilidade urbana, mas não dá para reclamar disso. O policiamento é que deve acompanhá-la.

Que medidas poderiam melhorar o quadro?

O empresariado se envolver, fazer parcerias, ser proativo. Se ficarmos só esperando algo do Estado, vai demorar muito. Vejo a Barra como um bairro mais organizado, com associações de moradores mais atuantes, assim como hotéis e empresas. No Recreio parece que ficamos abandonados. E imagino que o efetivo seja pequeno para o tamanho da região. Precisamos de mais ajuda de outros órgãos. Por exemplo: por que não há Guarda Municipal nas ruas, como na Zona Sul?