SÃO PAULO – A Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou na manhã desta quarta-feira a prorrogação, por 15 dias, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga desvios no Teatro Municipal. A discussão sobre o requerimento encaminhado pelo vereador Ricardo Nunes (PMDB) se estendeu por mais de uma hora entre a base governista e a oposição. Nunes e outros integrantes da comissão queriam a extensão por mais 50 dias, mas pressões dos vereadores alinhados com o governo municipal encolheram-na para apenas mais duas semanas. O encerramento dos trabalhos, que estava previsto para esta quarta-feira, foi adiado para o dia 20.
? Infelizmente, o governo fez uma pressão muito grande para impedir a prorrogação da CPI por mais 50 dias ? disse Nunes.
Haverá mais três sessões, na sexta-feira e nos dias 17 e 19. Nessas reuniões da comissão, os vereadores querem ouvir novamente a escritora Patrícia Mello, mulher do maestro e ex-diretor artístico do Teatro Municipal, John Neschling, e do contador da empresa que o casal mantém, a PMN, Renato Franzim. Também querem promover a acareação entre o cineasta Toni Venturi, contratado para dirigir filmes institucionais sobre o Municipal; William Nacked, ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC); José Luís Herência, ex-diretor administrativo da Fundação Theatro Municipal (FTM), e Nunzio Briguglio, secretário de Comunicação da Prefeitura de São Paulo.
Herência e Nacked acusam Neschling de participar de um esquema de desvios instalado no Teatro Municipal. O regente também responde a inquérito criminal no Ministério Público (MP), que corre em segredo de Justiça, por supostamente favorecer um agente estrangeiro nos contratos com o teatro, sendo que o mesmo profissional o representa no exterior. Os ex-diretores do IGBC e da FTM assinaram acordo de delação premiada com o MP.
A CPI deve ouvir também um representante do Tribunal de Contas do Município (TCM), que analisa e julga as contas dos órgãos municipais. O TCM
A CPI ouviu na reunião desta quarta-feira o presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo, Adelmo Barbosa Ribeiro, e seu assessor Grimaldi Santiago. Eles relataram comportamentos abusivos e de assédio moral do maestro Neschling em relação aos funcionários do Teatro Municipal.
? Funcionários ficaram mais de seis meses recebendo cerca de R$ 12 mil ao mês em casa, cada profissional, porque o maestro não permitia a presença deles no Theatro ? disse Grimaldi.
Nunes solicitou a relação dos nomes dos funcionários que ficaram recebendo sem poder trabalhar e as cópias das denúncias feitas à Delegacia Regional do Trabalho a FTM que, segundo o presidente do Sindicato, foram feitas na época. A partir do dia 20 de outubro os vereadores terão mais 15 dias para aprovarem o relatório final.