RIO – Um ofício enviado pelo Bradesco à 7ª Vara Federal Criminal do Rio revelou que o ex-governador Sérgio Cabral possuía, na verdade, R$ 385 mil num fundo custodiado pela Bem Dvtm, empresa ligada ao banco. Anteontem, o juiz Marcelo Bretas havia publicado uma decisão em que determinava o bloqueio de R$ 38,5 milhões de Cabral, referentes a esse fundo. Diante da informação, o Bradesco relatou o valor real.
Nesta sexta-feira, nenhum dos envolvidos se pronunciou sobre quem teria cometido o erro. Na decisão de Bretas, publicada na quinta-feira, com a informação dos R$ 38,5 milhões, a fonte citada foi o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Em nota, o órgão se limitou a dizer que ?é independente, que trabalha com informações sob sigilo?.
A própria informação com o valor corrigido, relatado pelo Bradesco, não foi divulgada oficialmente nesta sexta-feira. Uma fonte na 7ª Vara Federal Criminal, porém, confirmou o valor de R$ 385 mil, relativo ao saldo no fim do ano passado, divulgado pelo colunista Lauro Jardim. Entre a abertura do fundo e a sua prisão, Cabral teria movimentado R$ 2 milhões. O valor atual, com correções, estaria em R$ 387,6 mil.
Nesta sxta-feira, Marcelo Bretas publicou, no fim da tarde, um despacho informando sobre a divergência apontada pelo Bradesco, sem citar o valor.
O magistrado ainda pediu para que seja esclarecido ?por que motivo os valores do referido fundo não estavam bloqueados até o momento, posto que já decretado e comunicado por este juízo, oficialmente, o bloqueio de ativos do réu Sérgio Cabral?.
Em novembro do ano passado, Bretas havia determinado o bloqueio de bens e ativos de pessoas e empresas investigadas na Operação Calicute. Entre eles, estava o ex-governador Sérgio Cabral.
O Ministério Público Federal (MPF) foi procurado, através de sua assessoria de imprensa, para se manifestar a respeito do erro nos valores e do bloqueio do dinheiro depositado no fundo, mas não houve retorno. A defesa de Cabral também não se manifestou.
O Bradesco informou, por sua assessoria, que cumpriu rigorosamente a decisão judicial do bloqueio. O banco, porém, não esclareceu quando reteve o dinheiro depositado no fundo por Cabral: se em novembro ou nesta sexta.
Num outro processo relacionado à Calicute, que tramita em Curitiba, o Banco Central havia informado ter encontrado apenas R$ 454 em contas do ex-governador.