Cotidiano

Justiça britânica homologa acordo de leniência da Rolls Royce

SÃO PAULO. O acordo de leniência da Rolls Royce com autoridades brasileiras, americanas e britânicas foi homologado em audiência, nesta terça-feira, na Royal Courts of Justice, em Londres. O caso envolve pagamento de propina e corrupção da companhia britânica por mais de três décadas em 12 países. Somente as autoridades do Reino Unido, a empresa pagará 497 milhões de libras, o que equivale a R$ 1,9 bilhão. A empresa também pagará mais R$ 81 milhões ao Brasil e R$ 545 milhões aos Estados Unidos. O esquema também se estende a países como Indonésia, Tailândia, Índia, Rússia, Nigéria, China e Malásia.

A investigação contou com a colaboração da companhia britânica a Serios Fraude Oficce (SFO) e durou cerca de quatro anos. Ao todo, são pelo menos 12 acusações de conspiração para corrupção, falsa contabilidade e suborno. O processo diz respeito aos negócios da Rolls-Royce nos setores aeroespacial, de defesa e de energia. A empresa, que é conhecida pela fabricação de carros de luxo, também faz turbinas e atua no ramo naval. No Brasil,

O juiz Sir Brian Leveson determinou hoje que os termos do acordo eram ?justos, razoáveis e proporcionais? a gravidade da conduta da empresa e sua ?plena cooperação? nas investigações. Como parte das tratativas, a empresa concorda em não só em pagar pagar multa, mas também em adotar práticas de compliance e a cooperar com futuros de julgamentos de possíveis funcionários envolvidos em corrupção. ?De 2000 a 2013, a Rolls-Royce e seus funcionários conspiraram para fazer mais de US $ 35 milhões em pagamentos de comissões a consultores comerciais e outros, sabendo que esses pagamentos seriam usados para subornar funcionários estrangeiros?, diz um trecho da setença do magistrado.

David Green, que é diretor da OFS, ressaltou a importância da cooperação internacional com o Ministério Público Federal (MPF) e com o Departamento de Justiça americano (DOJ). ?O suborno prejudica a reputação do Reino Unido como um lugar seguro para fazer negócios. Congratulo-me com este DPA, uma medida de execução significativa da OFS, sobre uma importante empresa britânica. Agradeço os nossos parceiros internacionais confiáveis”.

Segundo Green, o caso já pode ser considerado a maior investigação já realizada pela SFO, custando 13 milhões de libras e envolvendo cerca de 70 funcionários da OFS.

NA MIRA DA LAVA-JATO

No Brasil, as investigações sobre a Rolls Royce remontam a 2015, quando o ex-diretor da Petrobras Pedro Barusco admitiu em seu acordo de colaboração premiada que teria recebido US$ 200 mil da empresa inglesa. No depoimento Barusco afirmou que os pagamento se referiam a um contrato firmado para fornecimento de módulos de geração de energia para plataformas da Petrobras, cujo valor chegava a R$ 100 milhões.

Os US$ 200 mil, ainda de acordo com Barusco, foram depositados em contas no exterior. Barusco citou Luiz Eduardo Barbosa e Júlio Faerman como intermediários da Rolls Royce no Brasil. Segundo o ex-diretor, os dois também representavam a SBM e a Alusa em contratos com a estatal.

Estagiário sob supervisão de Flávio Freire