DAVOS – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta terça-feira que a equipe econômica revisará para baixo a projeção de crescimento para este ano. Em entrevista à agência de notícias Bloomberg News em Davos, na Suíça, ele atribuiu a piora da expectativa ao forte carregamento estatístico ? ou seja, a influência do desempenho da economia no ano passado sobre o PIB deste ano.
? Vamos revisar em cerca de duas semanas. Será um número menor por causa da recessão muito profunda e do carregamento estatístico que joga o número para baixo.
DAVOSEmbora as ações das empresas brasileiras tenham subido cerca de 20% desde que o governo de Michel Temer assumiu, em maio, a economia real tem demorado a reagir. O desemprego continua a subir e o consumo das famílias está estagnado. A expectativa do mercado é que a melhora na confiança ? em parte devida à credibilidade emprestada por Meirelles ao novo governo ? ajuda a começar a tirar o país da pior crise de sua história.
Esse otimismo, no entanto, tem perdido força. Na segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou para 0,2% a projeção de crescimento da economia brasileira para este ano ? bem menos que os 0,5% esperados pelos economistas consultados pelo boletim Focus, do Banco Central.
ELEVAR IMPOSTOS É ?PLANO B?
Parte da recuperação econômica está baseada nas reformas propostas pelo governo desde o ano passado, sendo a da Previdência uma das principais medidas em pauta. Meirelles afirmou, no entanto, que a equipe econômica já tem um ?plano B? caso a proposta naufrague no Congresso.
? Se a reforma da Previdência não for aprovada por alguma razão, há várias outras medida: a primeira é cortar gastos e incentivos fiscais e, evidentemente, como último recurso, elevar impostos ? disse Meirelles.
O governo continua focado em conter as expectativas de inflação e permitir que o Banco Central trabalhe de forma independente na tarefa de baixar a taxa básica de juros, recentemente reduzida para 13% ao ano.
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta terça-feira, o BC confirmou o que havia dito no comunicado: o corte de 0,75 ponto anunciado semana passada contribuirá para estabilizar a atividade econômica, sem desviar do objetivo de levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%, em 2017 e em 2018.
GRAU DE INVESTIMENTO ANTES DE 2018
Para Meirelles, o Brasil está no caminho de ganhar de volta o grau de investimento ? espécie de selo de bom pagador conferido por agências de classificação de risco. No ano passado, o país perdeu essa chancela nas três principais entidades desse tipo: Standard & Poor?s, Fitch e Moody?s.
? Vou fazer meu trabalho e as agências de rating vão fazer o trabalho delas. Quanto antes, melhor. Espero que antes de 2018.