Cotidiano

Emplacamentos caíram 23% no Paraná em 2016

Boa Vista – Dados do Detran (Departamento de Trânsito) do Paraná mostram mais um viés da crise econômica do Brasil. Durante todo o ano de 2016, os emplacamentos de veículos novos caíram 23% no Paraná, queda que supera a média nacional divulgada pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), de 20%.

Conforme o levantamento estadual, em 2015 foram emplacadas 247.930 unidades, entre automóveis, caminhões, ônibus, motocicletas e outros 13 modelos de veículos. Já em 2016, o cenário foi bem diferente. No período, deixaram de ser vendidas mais de 57 mil unidades. Até dezembro, 190.185 emplacamentos foram registrados.

O presidente da Anfavea, Antonio Megale, atribui o fraco desempenho a vários fatores. “O primeiro é a confiança em baixa, em razão da instabilidade política vivida pelo País, que fez investidores e consumidores adiarem suas decisões. O segundo é o acesso ao crédito, resultado da conjuntura socioeconômica, que tornou as instituições financeiras muito seletivas na hora da concessão. A consequência disso foi a participação de vendas financiadas no total do licenciamento nos patamares mais baixos da série histórica”, explica.

O balanço final da indústria automobilística brasileira em 2016, apresentado pela Anfavea, apontou que o licenciamento de autoveículos no ano passado foi de 2,05 milhões de unidades, queda de 20,2% frente as 2,57 milhões de unidades vendidas em 2015. Somente em dezembro – o melhor mês do ano – foram negociados 204,3 mil autoveículos, crescimento de 14,7% ante as 178,2 mil unidades de novembro e baixa de 10,3% se comparado com as 227,8 mil de dezembro de 2015.

No Oeste

O panorama regional é o mesmo de todo o País. O Detran/PR apresentou dados do Oeste de janeiro a novembro de 2016, levantamento mais recente do Departamento, com uma redução de 19% no número de emplacamentos de veículos novos. Em 11 meses, 12.839 veículos foram adquiridos contra as 15.826 unidades comercializadas no mesmo período de 2015.

Entre as maiores quedas percentuais estão as cidades de São José das Palmeiras, que viu o número de emplacamentos encolher 50% de um ano a outro, Boa Vista da Aparecida (48%), Iracema do Oeste (47%) e Ibema (44%). Há ainda uma peculiaridade nos dados fornecidos pelo Detran. Em Diamante d’Oeste nenhum veículo foi adquirido até novembro do ano passado. Em 2015, foram apenas 18.

Máquinas agrícolas

Levantamento da Anfavea mostrou que em 2016 foram negociadas 42,8 mil unidade entre máquinas agrícolas e rodoviárias, fechando o ano com queda de 4,8% sobre as 45 mil vendidas em 2015. No último mês do ano, quando o setor comercializou 4,1 mil máquinas, houve elevação de 14,8% ante as 3,6 mil de novembro e de 84% na análise com as 2,2 mil de dezembro de 2015. A produção nos meses transcorridos de 2016 acumulou 53 mil unidades e ficou 4,1% abaixo do que o ano passado, com 55,3 mil unidades. Em dezembro 5,5 mil unidades foram fabricadas, o que representa estabilidade contra novembro e crescimento de 511% contra as 906 unidades do mesmo período de 2015. As exportações no setor de máquinas agrícolas e rodoviárias encerraram o ano com 9,5 mil unidades, o que significa diminuição de 5,7% frente as 10,1 mil de 2015.

O ano do crescimento

Embora 2016 tenha sido um ano difícil à maioria dos setores produtivos do País, o automobilístico parece dar sinais de recuperação. O otimismo ocorre por conta da estimativa da Anfavea, que prevê crescimento de 4% no licenciamento de autoveículos em 2017. A expectativa é comercializar 2,13 milhões de unidades neste ano, além de aumento das exportações de até 7,2%, com 558 mil veículos vendidos a outros países. Em relação à produção, a previsão é de 2,41 milhões de unidades, 11,9% acima do registrado em 2016.

“A conjuntura macroeconômica indica fatos positivos, como aumento do PIB, inflação convergindo para o centro da meta, reduções contínuas da taxa básica de juros e estabilização do dólar. Além disso, […] algumas medidas econômicas foram anunciadas, vivenciamos estabilização do ritmo de vendas e teremos uma base baixa de comparação. Ao juntar todos estes fatores, acreditamos em uma reação sequencial, que passa pela retomada da confiança tanto do consumidor quanto do investidor, reaquecimento do consumo e abertura gradual da concessão de crédito”, afirma Megale.