Cotidiano

Grupos feministas condenam convite para Polanski presidir o 'Oscar francês'

LONDRES ? Grupos de mulheres na França condenaram a decisão de convidar o experiente cineasta Roman Polanski para presidir o Cesar Awards, conhecido como o “Oscar francês”. Links Polanski

Polanski, de 83 anos, é considerado fugitivo da justiça americana pelo caso de abuso sexual contra uma garota de 13 anos em 1977, em Los Angeles.

Ele foi considerado culpado pelo crime de estupro presumido e chegou a ficar preso durante 42 dias, mas fugiu dos Estados Unidos.

O anúncio de que ele seria o sucessor do premiado cineasta Claude Lelouch na presidência do Cesar foi feita pela Académie des Arts et Techniques du Cinéma.

“Artista, cineasta, produtor, roteirista, ator, diretor. Existem muitas palavras que definem Roman Polanski”, disse a Academia. “Mas há apenas uma que expressa nossa admiração e encantamento: obrigado, Sr. Presidente”.

Um dos filmes favoritos para o Cesar Awards deste ano é exatamente sobre uma vítima de estupro que busca se vingar de seu abusador. “Elle” é estrelado por Isabelle Huppert, e venceu o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro no começo do mês ? Isabelle ainda saiu com o prêmio de melhor atriz.

Clare Serre-Combe, do grupo Osez le Feminisme, disse que grupos feministas estão “extremamente irritados” com a decisão.

“Nós não podemos deixar isso passar”, disse ela à agência AFP. “Eleger Polanski como presidente é esnobar vítimas de abuso sexual e estupro”.

“A qualidade de seu trabalho não é nada quando confrontada com o crime que ele cometeu, sua fuga da justiça e sua negação em enfrentar suas responsabilidades”, completou.

A atriz e produtora Shirley Kohn disse ao “Le Monde” que pouco importa se todos os detalhes sobre o caso não são conhecidos. “É como se nós não estivéssemos levando essa acusação de estupro a sério. Os atores e profissionais de cinema estão prontos para receber prêmios de Polanski?”, questionou.

Ex-ministro da Cultura da França, Aurelie Filippetti defendeu o diretor e disse que “ele deveria ser liberado para presidir a cerimônia”.

Em entrevista à rádio France Info, ele disse: “Isso aconteceu 40 anos atrás. Não podemos falar sobre esse caso toda vez em que conversarmos sobre Polanski porque esse foi um problema do passado. É apenas uma cerimônia de premiação”.

Polanski, que mora em Paris, venceu o Cesar de melhor diretor em quatro ocasiões, incluindo por seu trabalho em “Tess – Uma lição de vida” (1979), “O pianista” (2002) e “O escritor fantasma” (2010).

Ele não pisa em solo americano desde 1978, apesar de continuar fazendo filmes e trabalhando com alguns dos maiores nomes de Hollywood.

No mês passado, a Suprema Corte da Polônia decidiu que ele não seria extraditado para os Estados Unidos caso entre no país.