SÃO PAULO – A decisão de apagar os murais da Avenida 23 de Maio que abrigavam desenhos de grafiteiros e pichadores colocou o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) no meio de uma polêmica. Autorizadas pela gestão de Fernando Haddad (PT) em 2015, as pinturas eram chamadas pela gestão anterior de ?maior mural de grafite a céu aberto da América Latina?.
Os murais foram pintados por cerca de 200 artistas há dois anos. A gestão Doria decidiu deixar apenas oito dessas obras na avenida, alegando que as demais estavam danificadas ou sofreram pichações. No domingo, funcionários da prefeitura jogaram tinta cinza nos muros da Avenida 23 de Maio, que faz a ligação do centro da cidade com a Zona Sul. Nesta segunda-feira, os muros amanheceram com manchas coloridas feitas em protesto. Por toda a cidade, foram pichadas frases contra a decisão do prefeito.
? Quero deixar claro: pichadores são condenados na nossa cidade. A população não quer a pichação e não vai ter a pichação porque nós vamos fiscalizar e punir os pichadores ? afirmou Doria, em uma agenda pública. ? Inclusive pedi um Projeto de Lei à Câmara Municipal de São Paulo para quintuplicar o valor da multa. E os que não puderem pagar o valor da multa, não tem problema nenhum: vão pegar pincel, tinta e limpar a porcaria que fazem na cidade de São Paulo.
Urbanistas e artistas plásticos argumentam que nem todos os desenhos apagados por Doria eram pichações e que eles contribuíam para deixar São Paulo mais colorida. A artista plástica Barbara Goy, responsável por um dos desenhos, publicou, neste domingo, um vídeo, visto por mais de 5 milhões de pessoas, em que mostra a operação de limpeza com a pergunta: ?Cidade linda é cinza?? ?Cidade Linda? é o nome do programa de zeladoria capitaneado por Doria.
Após a repercussão, a prefeitura se comprometeu a anunciar nos próximos dias espaços da capital paulista em que artistas poderão fazer grafite. As pichações, no entanto, continuarão sendo combatidas.