RIO – O Grão-Mestre da Ordem de Malta, Matthew Festing, aceitou renunciar a pedido do Papa Francisco, informou nesta quarta-feira a organização católica. O anúncio representa a conclusão de um mês de enfrentamentos sem precedentes na Santa Sé.
?Na terça-feira à tarde, o Papa recebeu o Grão-Mestre e pediu que ele se demitisse. Ele aceitou?, relatou um porta-voz.
A função de Grão-Mestre da ordem, fundada no século XI, normalmente é ocupada de forma vitalícia.
Os conflitos entre a Ordem de Malta e o Vaticano começaram após a organização destituir um dos principais de seus cavaleiros, o alemão Albrecht von Boeselager, no início de dezembro. Festing acusou Boeselager de permitir a distribuição de camisinhas para populações de risco, como prostitutas, pela agência humanitária da ordem comandada pelo alemão, a Malteser Internacional.
Já o cavaleiro destituído apontou que sua saída forçada foi na verdade motivada por uma disputa pelo poder, que teve como um dos interessados o cardeal Raymond Leo Burke, um conservador que já acusou Francisco de ser muito liberal.
Alguns dias depois, após as contestações de Boeselager, o Papa Francisco nomeou uma comissão de investigação, com cinco membros, para esclarecer as circunstâncias da destituição de Boeselager. Os trabalhos seriam finalizados neste mês.
Mas a Ordem de Malta se opôs categoricamente à investigação, alegando uma afronta à soberania da organização e ao controle de questões internas. O conflito opôs, no Vaticano, alas reformistas e conservadoras da Igreja. Festing chegou inclusive a questionar a escolha dos investigadores, um desafio sem precendentes à autoridade do papa, o que obrigou o Vaticano a reagir.
O Conselho Soberano da ordem ainda precisa ratificar a incomum renúncia.