Cascavel e Paraná - O número de casos e de óbitos por gripe que são conhecidas como SRAGs (Síndromes Respiratórias Agudas Graves) têm aumentado a cada semana e nesta sexta-feira (6) um novo alerta foi emitido pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) que, em coletiva de imprensa, reforçou o alerta para a prevenção, cuidado e para que a população faça a vacinação que ainda tem procura baixa, já que principalmente na Região Oeste os hospitais estão superlotados.
A reportagem do O Paraná tem acompanhado de perto a situação que já contabiliza um total de 49 óbitos na 10ª Regional de Saúde, sendo que destes, 43 aconteceram em leitos de hospitais de Cascavel, e ainda estão sendo investigados. Rubens Griep, chefe da 10ª Regional de Saúde, disse que os óbitos aconteceram no município de Cascavel, não significa que sejam de moradores da cidade, isso por conta da ocupação dos leitos, mas que por isso, está sendo feito o refinamento desses dados.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Cascavel já confirmou 12 óbitos, sendo que cinco delas são por Influenza e quatro por Covid-19, o restante são dos outros vírus com sintomas de gripe que entram na denominação das SRAGs. As instituições escolares também receberam nesta semana um comunicado para aplicar medidas de prevenção evitando o contágio entre os alunos.
Emergência
Em coletiva, o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, disse que os leitos dos hospitais tanto públicos quanto privados estão cheios e que são os hospitais dos municípios menores que estão auxiliando nos atendimentos, só que a grande preocupação é com as vagas de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica é que preocupa, devido à grande quantidade de crianças doentes.
“Estamos trabalhando com a possibilidade de ampliação de leitos, porém, volto a insistir na vacinação já que hoje a procura maior de leitos é de crianças e idosos, justamente do grupo prioritário. Se as pessoas não se cuidarem e continuarem perdendo a oportunidade de vacinar, daqui a pouco nós vamos ter também um quadro que pode sair do esperado e aí talvez seja necessário o decreto de emergência”, antecipou.
O secretário lembrou ainda que a procura por leitos está grande e nos próximos dias novos leitos de UTI em Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo serão abertos. Além disso, existe a possibilidade do Hospital de Retaguarda se transformar em referência para o atendimento das síndromes respiratórias.
HUOP
A direção do HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) informou que tem percebido um número crescente de admissões, pacientes que chegam de toda a macrorregião, por ser o único hospital de referência 100% SUS (Sistema Único de Saúde), grande parte com doenças respiratórias. Esta realidade afeta diretamente no tempo de espera para que aconteçam as transferências, o que consequentemente causa um gargalo no Pronto Socorro e Sala de Emergência e que, por isso, o HUOP já fez avisos necessários para as autoridades de saúde, incluindo Regional de Saúde e Central de Leitos vários dias desta semana. `
Vacinação
Mesmo a vacina contra a gripe estando disponível gratuitamente nas unidades de saúde, o cenário é preocupante já que a adesão à vacinação continua baixa. Os grupos prioritários que somam 144.219 pessoas, apenas 73.400 doses foram aplicadas até agora, o que representa 40,15% de cobertura vacinal. A situação é ainda mais crítica entre os grupos prioritários, idosos cobertura de 46,02%, crianças cobertura de 32,48% e gestantes de 12,32%. No estado, a cobertura geral é de 42,11%.
Resolução
Durante a coletiva também foi anunciada a publicação da Resolução nº 1.014/2025 que alerta para o enfrentamento de casos de SRAGs e detalha as medidas que devem ser adotadas pelos municípios para prevenção e controle das doenças no Estado, como atendimento prioritário para pacientes com sintomas e novas medidas para reforçar a vacinação em grupos prioritários.
A resolução também declara estado de alerta em saúde pública para o enfrentamento de SRAG, institui o Plano de Ação Estadual e determina a elaboração de planos de ação municipais, com validade de 90 dias. Desde o início do ano foram confirmados 10.635 casos e 523 óbitos por SRAG hospitalizado no Paraná. Destes, 991 casos e 85 óbitos são de Influenza, sendo que dentre as mortes, apenas nove haviam se vacinado contra a gripe.
O recorte de dados epidemiológicos apontou que em cerca de um mês teve um aumento de 43,17% de casos hospitalizados, saindo de 3.164 para 4.530 no Estado. “Estamos com um momento de muita pressão nas vagas de leitos hospitalares, tanto de enfermaria quanto também de UTIs em todo o Estado, e com essa resolução de alerta instituímos o plano de ação para enfrentamento dessa síndrome respiratória aguda grave neste momento”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Testes rápidos
A Sesa iniciou o processo de aquisição de 100 mil testes rápidos do Instituto de Biologia Molecular do Paraná para detecção de Influenza A, B e Covid-19. O material terá um investimento de R$ 800 mil do Tesouro do Estado e será distribuído para os municípios com destinação para as UPAS (Unidades de Pronto Atendimento), hospitais e Unidades Básicas de Saúde, visando um diagnóstico precoce possibilita um manejo clínico mais eficiente da doença.
Na última semana, a Sesa autorizou a abertura de 58 leitos nas regiões de Curitiba, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa para atender à crescente demanda relacionada a casos de internação por SRAGs, As unidades estão divididas em 20 leitos de internação pediátrica no Hospital Infantil Waldemar Monastier (HIWM), em Campo Largo; 13 leitos no Hospital do Coração Bom Jesus, em Ponta Grossa (10 de enfermaria e de 3 de UTI); 25 leitos pediátricos no Hospital Madre Die, em São Miguel do Iguaçu (15 de enfermaria e 10 de UTI infantil).
Os leitos estão sendo abertos gradativamente, e segundo um levantamento da Regulação de Leitos Estadual, o Paraná possui capacidade para abertura de, pelo menos, mais 200 leitos, sendo 50 leitos de UTI e 150 de enfermaria. Dentre os pedidos de internação registrados na Central de Leitos do Estado, quase 80% das solicitações referem-se a crianças e idosos.